Retornei, na última semana, de uma viagem pela rota do blues, no delta do Mississippi, a famosa rota 61. Por ali tambem passaram muitos catadores de algodão e escravos, indo e vindo de uma “plantation” a outra. Também, pessoas que se tornariam eternamente lembrados pelo dom musical, como Bessie Smith, Hank Willians, B.B. King, Muddy Waters, Albert King, Ray Charles, Joe Turner, Blind Joe Willianson e tantos outros que, com um respeito imenso, deixo de citar. Mas foi a lembrança de Robert Johnson que me levou à famosa encruzilhada em que ele fez um pacto demoníaco para se tronar um grande tocador de blues. O encontro da road 61 com a road 49, em Clarksdale.
Essa região é uma das mais pobres do Estados
Unidos: Alabama, Mississippi e Louisianna. Mesmo assim, estradas impecáveis,
estrutura de hotéis que estimulam o turismo, leis de transito que são sempre
obedecidas, cidades históricas que ainda preservam sua memória e sua natureza. Os
campos de algodão, cujo cultivo hoje é mecanizado, ainda estão lá. Assim como
muitas cabanas abandonadas, do tempo em que a colheita era feita por mais de
cem pessoas. Fazem parte de uma paisagem linda e memorável. Nas casinhas mais
simples, tremula a bandeira norte americana, ao lado da bandeira dos
Confederados. Reminiscências indeléveis da Guerra Civil que os atordoou, mas
que pemanece em seus corações e mentes.
O que leva um povo a cuidar de sua história, a
atrair turistas com isso, a ostentar a bandeira de seu país na entrada de sua
casa a valorizar seus ícones é algo que nós, brasileiros, precisamos descobrir.
Preservar nossa história, nossos ícones, nossa paisagem e ter orgulho de nossa
bandeira. Já fui incontáveis vezes aos Estados Unidos e, mesmo crise após
crise, esses valores sociais nunca desaparecem.
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