
O Brasil perdeu para si mesmo. Só nos resta, no momento, a angústia kierkegaardiana. Aos poucos a afonia vence a sonoridade das almas mortas de Gogol, a exuberancia provocativa de Wilde, e domina os pântanos da mediocridade que Jane Austen descreveu. O país está à deriva. Perdemos o leme da política de rendas, da política cambial e da política monetária. Navega com o leme da politica fiscal, acachapante, devoradora, como se fosse vinhas da ira, anotaria Steinbeck. E o que deveria ser Governo Federal parece ser, na verdade, um desgoverno de interesses e interessados com seus carros oficiais reluzentes, seus sorrisos infláveis e suas desculpas descartáveis. O ano de2016 caminha para ser o primo pobre de 2015, mas tomara que eu esteja errado.
Entretanto, é preciso sonhar, persistir no comunicar, no vocalizar, no debater. Ter otimismo e contagiar pessoas com a vontade de vencer, de superar adversidades. Fazer da criatividade a alavanca da formulação produtiva e inclusiva. Unir forças, antagônicas ou não, em torno de ideais, da construção de soluções exequíveis, ainda que não de forma imediata. A proposição do Governo do Estado do Espírito Santo em relação ao que se denominou “Escola Viva” é um bom exemplo dessa postura. Quando Galileu convidou pessoas para conhecerem seu invento, o telescópio, ficou aborrecido com aqueles que somente criticavam sua forma e cor, sem valorizar o que ele lhes oferecia em termos de conhecimento cósmico. Repetir essa postura na “Escola Viva” é reviver essa miopia. Mas, claro, críticas construtivas, para seu aperfeiçoamento e evolução, são importantes e necessárias. Afinal, a afonia gera angústia e ansiedade.
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