Minha fala na Assembleia Legislativa do ES no dia da Enfernagem;
Hoje é um dia especial, um dia em que se homenageia a vida. E a morte.
A vida porque o profissional de enfermagem cuida da presença das pessoas
em nosso meio humano.
A morte, porque quando nada mais é possível, quando a competencia humana
sucumbe ao destino, ela se dá de forma serena e confortada pela presença de um
enfermeiro ou enfermeira.
Cuidar de ambas exige não só o dominio de uma profissão, mas a intensa
paixão da solidariedade, de se colocar no lugar do outro, de fazer-se parte
dele. Ninguém é uma ilha, disse John Donne, somos um unico continente. Que se
mantém uno pela fé, pela esperança divina, seja ela qual for essa divindade, e
pela promoção do amor.
A enfermagem é uma profissão sublime, uma aliança indelével com a medicina.
É um campo de estudo cujo diploma de graduação nasce com algumas pessoas. Sim,
é preciso ser escolhido por Deus para aprendê-la e exercê-la. A enfermagem é um
dom, mas um dom que se conquista. Ela não é feita para os alunos aprovados, mas
para os alunos aprovados e apaixonados pela vida, pela manutenção da vida até o
momento espiritual em que a dimensão humana é insuficiente e o caminho para a
posteridade é pavimentado pelas lembranças que ficaram, perenemente adormecidas
no leito da saudade.
Se a medicina é uma flor, a enfermagem é o caule que a sustenta. A
comunhão dessas duas ciencias é a seiva que alimenta a vida humana
eventualmente enferma. São paixões humanas que se complementam como profissões,
como virtudes.
A enfermagem é a arte de cuidar. Não de si, mas do outro. Daquele que
muitas vezes sequer sabemos quem é, quem foi e quem será. O que move a enfermagem não é um corpo enfermo, muito
menos um número nos umbrais da porta de uma quarto de hospital, o que move
verdadeiramente a enfermagem é a alma que ilumina esse corpo e a paixão pela
vida, que o alimenta com pequenas conquistas diárias.
A enfermagem conversa com alma das pessoas, com as profundezas do ser
humano. E muitas vezes essa conversa se dá em silencio profundo, mas presente.
O que lhes desejo é que recolham nos leitos enfermos a alegria que
porventura encontrarem e a distribuam com aqueles sadios que sequer dão um
sorriso; que recolham os sonhos que lhe são contados e que distribuam com os
incrédulos; que recolham a serenidade e a paz de espirito que porventura
encontrarem mesmo no infortunio da doença e distribuam com aqueles que são
violentos e rudes em plena saude; e que recolham o carinho dos altruistas, dos familiares,
amigos e das visitas que encontrarem e distribuam com os egoistas que pensam
apenas em si mesmos; que recolham a fé que encontrarem e que a distribuam com
os desprovidos de crença, independente de qual seja sua natureza.
Por fim, que sejam, no exercicio dessa sublime profissao, a inequívoca e
apaixonada explicação do que é o amor ao proximo, até que a chama da vida se
renove ou porventura se apague.
Pois, como disse Vinicius, que não seja
imortal, posto que a chama, mas que seja infinito enquanto dure.
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