Thursday, May 14, 2015

Dia da Enfermagem


Minha fala na Assembleia Legislativa do ES no dia da Enfernagem;


Hoje é um dia especial, um dia em que se homenageia a vida. E a morte.

A vida porque o profissional de enfermagem cuida da presença das pessoas em nosso meio humano.

A morte, porque quando nada mais é possível, quando a competencia humana sucumbe ao destino, ela se dá de forma serena e confortada pela presença de um enfermeiro ou enfermeira.

Cuidar de ambas exige não só o dominio de uma profissão, mas a intensa paixão da solidariedade, de se colocar no lugar do outro, de fazer-se parte dele. Ninguém é uma ilha, disse John Donne, somos um unico continente. Que se mantém uno pela fé, pela esperança divina, seja ela qual for essa divindade, e pela promoção do amor.

A enfermagem é uma profissão sublime, uma aliança indelével com a medicina. É um campo de estudo cujo diploma de graduação nasce com algumas pessoas. Sim, é preciso ser escolhido por Deus para aprendê-la e exercê-la. A enfermagem é um dom, mas um dom que se conquista. Ela não é feita para os alunos aprovados, mas para os alunos aprovados e apaixonados pela vida, pela manutenção da vida até o momento espiritual em que a dimensão humana é insuficiente e o caminho para a posteridade é pavimentado pelas lembranças que ficaram, perenemente adormecidas no leito da saudade.

Se a medicina é uma flor, a enfermagem é o caule que a sustenta. A comunhão dessas duas ciencias é a seiva que alimenta a vida humana eventualmente enferma. São paixões humanas que se complementam como profissões, como virtudes.

A enfermagem é a arte de cuidar. Não de si, mas do outro. Daquele que muitas vezes sequer sabemos quem é, quem foi e quem será. O que move  a enfermagem não é um corpo enfermo, muito menos um número nos umbrais da porta de uma quarto de hospital, o que move verdadeiramente a enfermagem é a alma que ilumina esse corpo e a paixão pela vida, que o alimenta com pequenas conquistas diárias.
A enfermagem conversa com alma das pessoas, com as profundezas do ser humano. E muitas vezes essa conversa se dá em silencio profundo, mas presente.

O que lhes desejo é que recolham nos leitos enfermos a alegria que porventura encontrarem e a distribuam com aqueles sadios que sequer dão um sorriso; que recolham os sonhos que lhe são contados e que distribuam com os incrédulos; que recolham a serenidade e a paz de espirito que porventura encontrarem mesmo no infortunio da doença e distribuam com aqueles que são violentos e rudes em plena saude; e que recolham o carinho dos altruistas, dos familiares, amigos e das visitas que encontrarem e distribuam com os egoistas que pensam apenas em si mesmos; que recolham a fé que encontrarem e que a distribuam com os desprovidos de crença, independente de qual seja sua natureza.


Por fim, que sejam, no exercicio dessa sublime profissao, a inequívoca e apaixonada explicação do que é o amor ao proximo, até que a chama da vida se renove ou porventura se apague. 

Pois, como disse Vinicius, que não seja imortal, posto que a chama, mas que seja infinito enquanto dure.

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