Thursday, December 25, 2014

Pátria e Vida



       A retomada das formalidades diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos é uma decisão histórica protagonizada pelo presidente Obama, com a devida anuência dos lideres cubanos. Algo que já deveria ter acontecido há mais tempo, mas sabe-se da dificuldade politica de tal decisão considerando a força do partido republicano nos Estados Unidos, tradicionalmente contrário a essa aproximação. É uma decisão que favorece a ambos os países, pois tanto ajudará no crescimento da economia cubana como ajudará na estratégia geopolítica dos Estados Unidos na América Central, Caribe e América do Sul, a qual já demonstra sinais de enfraquecimento da influencia norte-americana nas últimas décadas. O Brasil pode se beneficiar dessa decisão, pois tem uma razoável atividade econômica junto aos cubanos e investe na logística portuária daquele país. Porém, precisará ser competitivo para que não seja superado por nossos próprios vizinhos como Chile e Colômbia. Com o mercado europeu em recessão e o oriente médio em convulsão econômica e social, a memorável decisão de Obama poderá alavancar a economia latino americana nas próximas décadas e retirar a economia norte-americana de um circulo vicioso desde a crise de 2008.

      Houve um tempo em que Hemingway saía bem cedo de Key West para tomar daiquiris e pescar na costa cubana. Ao retornar escrevia suas obras imortais. A revolução cubana não deveria ter rompido esses laços de relacionamento entre países e pessoas. Tanto que houve uma tentativa de Fidel em se aproximar dos Estados Unidos, no inicio. A questão da Guerra Fria, um debate belicista entre comunismo, socialismo e capitalismo, levou ao tensionamento de decisões e o embargo comercial e diplomático estabeleceu uma crise antológica. O único lugar ainda visitado atualmente pelos americanos era Guantánamo, uma base naval herdada da guerra pela independência de Cuba da Espanha, com apoio dos Estados Unidos, tendo por fundamento a doutrina Monroe que protegia a América das intenções colonialistas da Europa. Na verdade, em vários casos, uma desculpa para o fortalecimento politico e econômico da América do Norte. Agora, com a decisão de Obama, todos os cidadãos americanos poderão visitar e negociar com Cuba. Ainda que muitos, por ideologia, sequer terão interesse em assim proceder.

     Kennedy, à época, teve suas razões para decidir pela ruptura diplomática. Do mesmo modo Obama, hoje, tem suas razões para resgatar essa diplomacia. E o faz com uma sabedoria exemplar. Na época, Che disse na ONU: “Pátria ou muorte!”. Agora, Obama propõe dizer: “Pátria e Vida”    

No comments: