Ayn Rand foi
uma intelectual que escreveu uma obra antológica consagrando o liberalismo
econômico e o filosófico. No primeiro está a concepção que depois Friedman
sintetizaria com a frase “não existe almoço grátis”, ou seja, ninguém deveria se
sacrificar pelo outro, mas apenas por si próprio. Por isso o título “Atlas
Shrugged”, em que Atlas carrega o mundo nas costas injustamente. No segundo, a
visão de que o individualismo é essencial em uma sociedade e sugerindo que
ninguém deve impor suas ideias sobre os outros, valorizando “egoísmo aparente”
da parábola de Mandeville. Rand fez uma obra polemica, mas fundamental para o
debate sobre a vida humana.
Rachel
Carlson escreveu o também antológico livro “Primavera Silenciosa”, uma clássica
defesa do meio ambiente. O conceituado jornal inglês The Guardian a coloca em
primeiro lugar entre as cem pessoas que mais contribuíram para a defesa do meio
ambiente. Rachel transformou, com uma notável habilidade acadêmica, complexos e
densos estudos e pesquisas em uma compreensível ferramenta na luta contra a
química industrial insustentável. Focava o uso indevido de pesticidas que
mutilavam a vida animal e vegetal. Seus críticos a colocaram como uma rainha do
“catastrofismo ambientalista”, mas ela inspirou e estimulou dezenas de
Organizações Não Governamentais e várias ações e movimentos de protesto e
conscientização ambiental.
Duas obras
clássicas e para muitos, antagônicas. De um lado o progresso com o maior
liberalismo possível em busca da riqueza no presente. De outro, a questão
ambiental como uma variável inibidora desse liberalismo e preocupada com as
gerações futuras. Esse contraditório, esse antagonismo e essa dualidade de
percepções são imprescindíveis. Contrapontos que discutem tanto o excesso quanto
a insuficiência. É do debate que surgem as fronteiras de um novo e melhor
convívio humano. Quando um gestor público, como um prefeito, decide,
isoladamente, fundir uma secretaria de meio ambiente com uma de desenvolvimento
econômico, sem consulta referencial ou sem promover um diálogo amplo sobre temas
tão importantes e que definem o futuro de uma sociedade, ele avoca para si a
prerrogativa decisória, eliminando a inestimável contribuição de setores
qualificados da sociedade e de seus colaboradores com formação aderente aos
temas. Torna as obras de Ayn e Rachel um simples folhetim.
Alem disso,
unifica pensamentos antagônicos e necessariamente conflitantes, pois toda
atividade econômica tem externalidades positivas e negativas que devem ser
conciliadas pelo debate e pela compreensão. Nunca pela imposição.
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