Thursday, November 27, 2014

Desenvolvimento Sustentável

   

     Ayn Rand foi uma intelectual que escreveu uma obra antológica consagrando o liberalismo econômico e o filosófico. No primeiro está a concepção que depois Friedman sintetizaria com a frase “não existe almoço grátis”, ou seja, ninguém deveria se sacrificar pelo outro, mas apenas por si próprio. Por isso o título “Atlas Shrugged”, em que Atlas carrega o mundo nas costas injustamente. No segundo, a visão de que o individualismo é essencial em uma sociedade e sugerindo que ninguém deve impor suas ideias sobre os outros, valorizando “egoísmo aparente” da parábola de Mandeville. Rand fez uma obra polemica, mas fundamental para o debate sobre a vida humana.

     Rachel Carlson escreveu o também antológico livro “Primavera Silenciosa”, uma clássica defesa do meio ambiente. O conceituado jornal inglês The Guardian a coloca em primeiro lugar entre as cem pessoas que mais contribuíram para a defesa do meio ambiente.  Rachel transformou, com uma notável habilidade acadêmica, complexos e densos estudos e pesquisas em uma compreensível ferramenta na luta contra a química industrial insustentável. Focava o uso indevido de pesticidas que mutilavam a vida animal e vegetal. Seus críticos a colocaram como uma rainha do “catastrofismo ambientalista”, mas ela inspirou e estimulou dezenas de Organizações Não Governamentais e várias ações e movimentos de protesto e conscientização ambiental.

     Duas obras clássicas e para muitos, antagônicas. De um lado o progresso com o maior liberalismo possível em busca da riqueza no presente. De outro, a questão ambiental como uma variável inibidora desse liberalismo e preocupada com as gerações futuras. Esse contraditório, esse antagonismo e essa dualidade de percepções são imprescindíveis. Contrapontos que discutem tanto o excesso quanto a insuficiência. É do debate que surgem as fronteiras de um novo e melhor convívio humano. Quando um gestor público, como um prefeito, decide, isoladamente, fundir uma secretaria de meio ambiente com uma de desenvolvimento econômico, sem consulta referencial ou sem promover um diálogo amplo sobre temas tão importantes e que definem o futuro de uma sociedade, ele avoca para si a prerrogativa decisória, eliminando a inestimável contribuição de setores qualificados da sociedade e de seus colaboradores com formação aderente aos temas. Torna as obras de Ayn e Rachel um simples folhetim.

     Alem disso, unifica pensamentos antagônicos e necessariamente conflitantes, pois toda atividade econômica tem externalidades positivas e negativas que devem ser conciliadas pelo debate e pela compreensão. Nunca pela imposição.          


No comments: