Tem sido bastante comum e recorrente
matérias jornalísticas sobre a situação financeira de muitas prefeituras. Um chororô
só comparável ao protagonizado certa vez pelo meu Glorioso Botafogo. Há
prefeitos que reclamam do Governo Federal que centraliza a arrecadação de
impostos, outros que reclamam dos Governos Estaduais que os isolam financeiramente
e outros ainda que reclamam da crise global. Tudo, na maioria das vezes é culpa
do outro. Muitas vezes sobra até para os bons funcionários que, apesar de tudo
e de todos, tentam carregar o desafinado piano nas costas. Um piano pesado,
cheio de teclas defeituosas e cordas manipuladas a distancia. Poucos prefeitos,
porém, têm a dignidade de fazer um “mea culpa”. Especialmente quando eles próprios
foram artífices e mentores dessa indesejada situação.
Por exemplo, alguns criaram novas
Secretarias, criaram mais Subsecretarias nas já existentes e também cargos de
assessoria com salários elevados em relação ao poder executivo municipal
vigente. Também, quando criaram novas funções públicas como guardas municipais,
necessárias e importantes, mas sem a necessária e suficiente condição financeira para bancar
seu investimento inicial e seu custeio permanente. Um dos piores destruidores
do equilíbrio financeiro é o retrabalho e ele pode ocorrer quando mudanças de
comando em Secretarias ocorrem com frequência. Há casos em que em menos de dois
anos várias Secretarias tiveram seus titulares trocados. Incrivelmente, até
quatro vezes. Por mais que a transição seja organizada sempre há perda de
continuidade e o clima instaurado na força de trabalho é de incerteza permanente.
Quando ela não é feita de forma organizada então a coisa vai de mal a pior.
Quando todos percebem que o bode está na
sala, incomodando seus ocupantes, nem todo prefeito reconhece que foi ele
próprio quem colocou aquele animal ali e tenta passar a imagem de um herói ao
tentar retirá-lo. Discursos vazios como a necessidade de reduzir custos, de
aumentar a eficiência da máquina e outras velhas desculpas enraizadas em nossa administração
pública são proferidos por alguns prefeitos com a maior hipocrisia possível.
Interessante é que muitos iniciam os mandatos dizendo que não buscariam a
reeleição, mas agora é preciso tirar o bode da sala para felicidade geral doa
cidadãos. George Orwell, em a Revolução dos Bichos, já nos advertia sobre isso.
No fundo, esse desequilíbrio financeiro dos
municípios nem sempre é caso para a matemática, mas para a politica. Parabéns
aos bons prefeitos que têm a humildade de reconhecer que erraram ao colocar o
bode na sala, buscar apoio para retirá-lo e não apenas culpar os outros ou usar
desculpas esdruxulas de redução de despesas que apenas trocam de nome.
Especialmente quando buscam a reeleição e precisam conquistar votos.
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