Thursday, August 14, 2014

Campos, o Eduardo




Campos

É nos campos que se semeia, se planta e se colhe. Fragmentos de vida são cultivados, irrigados, podados e preparados para que surjam árvores, arbustos, vegetações rasteiras e gramíneas, por exemplo. É nos campos que a relva selvagem e natural corre ilusoriamente, de um lado para outro, quando acariciada pelos ventos. É nos campos que coexistem as flores e os espinhos, o solo fértil e a terra árida. Neles estão os alimentos e as casas, as montanhas azuis e os vales esverdeados.

Na vida humana, há campos em que são plantadas a discórdia, a maldade, a violência, a guerra inexplicável. Diz o ditado, nesse caso, que quem semeia ventos colhe tempestades.  Podem ser representados pelos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, pela Segunda Guerra Mundial e por tantos outras que tingiram de sangue, suor e lágrimas planícies, vales e montanhas. Também, na vida humana, há campos em que se semeia a paz, a bondade, a compreensão e a gratidão. Podem ser representados pelas pessoas que lutam por um mundo melhor, por ideias convergentes e por proposições evolutivas. Não são pessoas perfeitas, mas buscam a perfeição, algo inatingível. Campos, o Eduardo, era um dos que tentava ser assim. Arou a terra, semeou e plantou, mas não a cultivou plenamente.

Um golpe do destino o levou à morte de forma trágica. Após um programa de televisão de grande audiência nacional em que expôs algumas de suas ideias como candidato à Presidência da República, entrou em um avião de pequeno porte, um jatinho, e pensou seguir viagem em direção à novos horizontes. Talvez, amadurecendo idéias e reescrevendo sonhos em seu caderno de intenções. Uma explosão fatal levou essas ideias, esses projetos e esses sonhos para o infinito. Suas possibilidades de tornar-se presidente da república estatisticamente não eram reais, mas a luta era incessante. Sua verve politica vinha do avô, Miguel Arraes, também falecido em um 13 de Agosto. Sua dedicação à família e aos amigos certamente de sua personalidade e de seu carisma.

Seus concorrentes perdem um grande adversário e um amigo de outras jornadas. A política perde um de seus principais valores contemporâneos, e a nação, um patriota de corpo e alma. É preciso agora que o ambiente político recolha das cinzas dessa tragédia as cores da democracia, da vontade de acertar, da vontade de fazer política de boa qualidade. E sempre lembrar que o ser humano, politico ou não, é efêmero. Que sua vida é frágil como porcelana fina. E assim, que aprenda a virtude de construir idéias indeléveis. Aquelas que se perpetuam na saudade e na lembrança. Como tentou Campos, o Eduardo. 

No comments: