Wednesday, October 24, 2012

Rodney e Neucimar hj na cbnvitoria. Uma percepção.

Movido apenas pelo interesse e pela curiosidade de conhecer o que pensam os candidatos Rodney e Neucimar com relação à gestão do município de Vila Velha eu fui ao auditório da Rede Gazeta para presenciar o debate entre os dois. Fui como cidadão, professor, observador e comentarista do meu blog e de meus twitters. Recebi as boas vindas, à entrada, de Andréia Lopes, uma das organizadoras. Ali também chegavam várias pessoas ligadas ao Rodney. Depois de cumprimentar várias amigas e amigos, partidários de cada lado, sentei-me e aguardei o início. Logo chegou Neucimar com seus vários assessores. A minha situação é muito confortável, pois tenho a isenção de não misturar preferência pessoal com capacidade analítica. Defeito, ou seria virtude, de professor? Espero que nem jornalistas nem assessores fiquem magoados ou decepcionados com o que aqui escrevo.


Rodney foi o primeiro a falar e já começou de forma provocativa, indignado com o que chamou de “palavras de baixo calão” dirigidas a ele e à sua família por um grupo de pessoas do qual participava um parente de Neucimar, segundo ele. Percebi que Rodney estava completamente abalado e emocionado. Ferido. Já iniciou o debate em um tom bem áspero e amargo. Tons marrons, como costumo dizer. Ponderou que ouviu seu filho lhe dizer que estavam chamando o pai de vagabundo. A dor estava em seu semblante. E isso, a meu ver, o prejudicou na parte inicial do debate. Creio que quem está liderando pesquisas não deve assim se portar. Mas, só alguém na pele dele pode saber como se comportar em situações assim. Os norte-americanos dizem: stand inside my shoes and tell me what to do so instead.

É inegável que Neucimar é muito mais eloqüente que Rodney. E isso ficou claro mais uma vez. Dominou o debate salvo alguns momentos de contundência do Rodney. Seus assessores deveriam, em meu modesto entender, ter evitado lhe preparar perguntas longas, com dados e números. Ler perguntas é algo impróprio em um debate. Dá a impressão que foram feitas por um ghost writer. Por isso, inclusive, embaralhou termos chegando a dizer que iria “alagar” Vila Velha, quando na verdade queria dizer que evitaria alagamentos. A cada momento eu percebia o quanto Rodney tentava aplacar a revolta que sentia pelo fato de sua família ter sido agredida verbalmente. Experiente, Neucimar não lhe ofereceu respostas polêmicas sobre o fato, fazendo com que Rodney não conseguisse extravasar seus sentimentos.

A impressão que eu tive, e posso estar errado, é que Rodney traçou uma estratégia de provocação, de intimidação do adversário. Não o fez de forma deselegante, mas ineficaz. Recebia respostas muito bem elaboradas pelo oponente. Demorou a mudar essa estratégia e só no final conseguiu dominar por alguns momentos. Um dos momentos mais difíceis para ele e que eu já previa acontecer foi quando surgiu a questão do “grampo da Rede Gazeta”. Surpreendentemente saiu-se bem na resposta, com calma, mas sem ter um argumento suficientemente convincente. Creditou a uma operadora de telefonia o erro operacional. Porém, no imaginário das pessoas, ocorreu um erro tático, não operacional. Ele vai ter que aprender a resolver essa equação, pois ela será recorrente.

Um fato muito interessante foi quando ele apontou que alguns assessores de Neucimar poderiam fazer parte da equipe do adversário, nomeou e apontou, como exemplo, Jardel dos Idosos. Este, imediatamente levantou-se e acenou efusivamente que não, sem emitir uma única palavra. Foi convidado a se retirar do auditório. Outra surpresa: o fez tranquilamente. Paz e amor. Por falar nisso, os partidários de Neucimar eram mais efusivos e ruidosos, por assim dizer. Fernanda Queiroz pediu que o auditório não se manifestasse. Mas em certos momentos isso parecia ser quase impossível devido a ironias recíprocas.

Mais uma vez o senador Magno Malta foi a cereja do bolo. Rodney o associava a Neucimar afirmando que este tinha vergonha de reconhecer isso e o escondia. E aí veio a troca de farpas que envolveu até o senador Ricardo Ferraço, citado no calor do debate. Eu tenho visto alguns candidatos citarem Magno Malta de forma negativa. Bem, se alguém que está liderando as pesquisas passar a analisar a quantidade de votos que ele tem obtido essa me parece ser uma estratégia errada. Seus eleitores e seus adeptos religiosos não gostam dessas críticas. Mas eu sou leigo em assessoria de marketing político.

E as ironias fosforesciam: Rodney chamava o adversário de Neucimar do Gogó, e Neucimar dizia que seu adversário não vive sem um GPS em Vila velha. Papo de gente à beira de campo de futebol de várzea. Desconstruções de identidade. Por falar nisso, eu acho um desperdício ter dois talentos como Andréia Lopes e Fernanda Queiroz apenas para dizer quem tem dois minutos, réplicas ou tréplicas. Duas jornalistas de alto nível que poderiam interceder em várias questões, orientando o debate não apenas em normas, mas conteúdos. Como fazem âncoras norte-americanas. Fora isso, parabéns a Rede Gazeta pelo evento e sua condução.

Foi um debate difícil para ambos, mais difícil para Rodney, penso eu, pelo seu estado emocional em razão do fato acontecido que envolveu a dignidade de seus familiares. Com isenção, e espero que não magoe pessoas amigas, creio que o Neucimar mais uma vez venceu o debate. Mas isso não significa, necessariamente, que ele é melhor gestor que Rodney. Essa decisão será do eleitor. Que vê e ouve, julga e age.

2 comments:

Anonymous said...

Professor, fiquei decepcionado com o Rodney neste debate, mostrou um lado debochado e desleal.

Antonio Marcus said...

obrigado pela leitura e comentário. abcs