Friday, October 12, 2012

Por que Max Filho não venceu?

O resultado das eleições para prefeito de Vila Velha, em seu primeiro turno, mostrou a força política de Max Filho. Uma força, entretanto, que nas duas últimas eleições mostrou-se insuficiente para fazer seu sucessor quando deixou a prefeitura ou para elegê-lo seja para deputado federal, seja para prefeito. Um nome forte, uma pessoa íntegra e carismática, bom de voto, mas não o suficiente para fazê-lo vitorioso nas recentes eleições. Dadas as condições em que concorreu é possível dizer que foi vitorioso, mesmo não sendo vencedor. E cheguei a algumas conclusões que buscam explicar essa situação.


Max parece ter, perante os eleitores, uma percepção indexada. Sua imagem está associada a outras que o eleitor parece não aceitar bem. Uma indexação, por exemplo, é a figura de seu pai como influenciador ou co-decisor na definição de suas atitudes. Os eleitores colocaram isso em seu imaginário e é muito difícil eliminar ou amenizar essa percepção. Pensam que ele não tem postura própria e independente. Outra indexação é a de que ele não gosta de empresários. De que ele é contra a atividade empresarial. Inclusive, de que não frequenta o ambiente empresarial. Há tambem, em minha opinião, uma indexação de sua imagem a de inimigo de Paulo Hartung. Essas questões, verdadeiras ou não, colaram no imaginario popular dos eleitores que não votam nele por esses motivos. Para voltar a ser vencedor será necessário desmistificar essas questões, descontruí-las.

Max parece ter, ainda, uma rejeição inercial. Ou seja, uma rejeição que mesmo cessada a causa o efeito continua se movendo pela percepção passada. Por mais que ele faça o possível para descontruir a percepção indexada citada acima, o imaginário popular continua em movimento retilíneo uniforme. E a rejeição inercial pode até influenciar novos eleitores, que sequer o conhecem pessoalmemente ou acompanham seu trabalho. Vencer essa inércia indesejada é vital.

Outro aspecto que parece ter prejudicado sua ampla aceitação é a ascensão das classes D e E no contexto do consumo familiar e mesmo pessoal. O sonho dessas pessoas subiu de patamar, de degrau, e o que Max tem para oferecer – principalmente como exemplo – é a humildade, a parcimônia, a igualdade social, a educação e a saúde. Movidas por uma vitrine implacável de consumo e novos modelos de vida urbana, as pessoas criam um horizonte mais amplo e profundo em termos de realização pessoal. Max é uma pessoa simples ao vestir-se, anda em carro popular, reúne-se no dispensário dos pobres (assim conhecido em Vila Velha); enfim, aproxima-se muito de um modelo metaforicamente extemporâneo. Seus adversários usam carros mais sofisticados, roupas de grife famosa e reúnem-se em locais mais sofisticados. Max os reúne no Dispensário dos Pobres.

O fato de estar ausente de mandatos eletivos ou de órgãos de alta visibilidade também o prejudica, pois o imaginário popular confere grau de autoridade pública àqueles que os ocupam. Terminadas as eleições ele volta a ser um funcionário público federal, um trabalho digno e concursado, mas sem muita representividade no mundo popular tradicional. Além disso, ele não é identificado como indiretamente ou diretamente relacionado a alguma autoridade assim investida do presente momento. Passa a impressão que se relaciona de forma muito seletiva e com alinhamento ao seu pai. E, de forma predominante, essas pessoas são de outra geração. Isso o torna pouco presente no imaginário jovem.

Max Filho é um politico muito inteligente, íntegro, republicano, fiel aos que o apoiam e muito trabalhador. Um politico com muitas qualidades. Se superar, em minha opinião, esses obstáculos aqui mencionados será, também, um político competitivo. Mesmo assim conquista 53.000 votos em uma eleição contra adversários apadrinhados e sem recursos financeiros suficientes. Um fenômeno.






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