Terra em Transe

Quando criança, ganhei de minha avó um livro com histórias de Nuredin e Codadaq. Tinha dez anos e nem imaginaria que agora o buscaria para referenciar o Oriente Médio; para entender melhor a confusão contemporânea localizada no Iraque, Irã e Síria. Desde o século 13 o cenário atual se desenhou pelo enfraquecimento do Império Bizantino e pelo fortalecimento dos turcos otomanos que conquistaram Constantinopla, hoje Istambul, e seguiram expandindo-se territorialmente, com força e velocidade.




De tal forma que em 1900 eram um império colossal. Temido e respeitado. Aliando-se ao império austro-húngaro e aos alemães na Primeira Guerra Mundial, após o assassinato do arquiduque Ferdnand por Gravilo, perderam a guerra e territórios. Britânicos e franceses, com o polêmico acordo Sykes-Picot, dividiram áreas, ficando os primeiros com o sul e os franceses com o norte daquela região, outrora tão disputada pelas cruzadas católicas, ao buscarem o domínio pela religião e seu temor. Pouco depois surgiriam o Líbano, a nova Síria, a Jordânia e Israel. Em tese o que fora a majestosa Síria.


Havia uma questão complexa que era a relação entre cristãos árabes e muçulmanos. Os hachemitas, da península arábica, tinham por rivais os Sauds, do Kuwait. Como recompensa por apoio na guerra, estes, ao vencerem os hachemitas, receberam o território que hoje se chama Arábia Saudita. E os hachemitas ficaram com o Iraque e depois com a Jordânia. Havia outra área, pedaço da Síria Otomana, chamada Filistina. Os Britânicos, dominantes, a chamaram Palestina e sua capital era Jerusalém.

Tudo criado pela geopolítica da época. Para alguns, tudo era Síria, antes. Ao saírem da região em 1948, os britânicos deixaram a semente para a criação do estado de Israel. Despedaçado, o antigo império otomano tornou-se um caldeirão flamejante, como a Síria. Uma terra em transe.