John Kennedy não tinha por destino ser presidente dos Estados Unidos. Só após a morte de seu irmão mais velho, Joe, sua família o levou à campanha. Rico, liberal do norte, católico, bonito e envolvente parecia não reunir as condições necessárias para vencer. Afinal os EUA daqueles tempos eram um país vitorioso na geopolítica global, com a forte marca conservadora de Eisenhower na presidência da República. Seu vice-presidente por dois mandatos, Nixon, era um adversário difícil a ser batido, por seu conservadorismo e boa oratória. Parte da história diz que Kennedy o venceu após um debate de televisão, mas a melhor parte revela que na verdade ele foi um candidato incansável, determinado. Fez campanha em todos os 50 estados norte-americanos. Em cima de carros, cadeiras de cozinha, em improvisados pequenos palanques nas friorentas ruas de Michigan e nas minas de carvão de West Virginia.
Kennedy entrou no dia a dia das pessoas, na vida comum do cidadão, propondo uma nova era. Uma era de paz e prosperidade, de conquistas científicas e do fortalecimento da democracia ao dizer “não pergunte o que o país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país”. Ainda que não fosse sua escolha desejada, chamou Johnson, do Texas, para ser seu vice. O nortista modernizador, jovial, precisava da imagem de um Texas conservador e experiente.
Kennedy venceu por pouca margem de vantagem, 113.000 votos, e depois lembrava direitinho onde tinha conseguido cada um daqueles votos que fizeram a diferença. Dos discursos, das negociações, dos conchavos. Já Nixon apostou mais na imagem de Ike, o senhor das guerras. Ao dizer “Let the years behind stay behind” Kennedy parecia prever o surgimento de uma década inesquecível. A década de 1960 marcou o mundo de forma indelével. Certa vez, em campanha, ele sugeriu que o voluntariado precisava crescer. E deu a idéia de oferecer a opção para um jovem que não quisesse ir à guerra de ir para um país em desenvolvimento e trabalhar voluntariamente.
Eleito, cumpriu a promessa e criou-se o “Peace Corps”. O Espirito Santo recebeu alguns deles. E hoje há o “Partners of the Americas”, também com o propósito do trabalho voluntário e que recentemente levou Vinicius Baptista, jornalista de A Gazeta, e Nara Caliman, funcionária pública estadual para um intercâmbio nos EUA. Em tempos de campanha eleitoral fica o exemplo de determinação e a mensagem do trabalho voluntário deflagrado por Kennedy. Política não deve ser uma profissão, mas uma voluntariedade, principalmente. Partido não deve ser negociação, mas proposição. Que fique para uma reflexão dos candidatos atuais.
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