Tuesday, August 21, 2012

Luiza e a ineficácia do estado.

Eu tenho acompanhado pela mídia a situação que viveu a cidadã Luiza Gomes. Sim, é assim que a quero referenciar, apesar de nunca a ter conhecido antes do já famoso vídeo. Como uma cidadã. Uma pessoa fruto de uma sociedade, seus moradores e seus governantes. Que é objeto de leis e convenções sociais. Não me permito observa-la como um objeto de escárnio, de expiação da gênese humana. Como se fosse um câncer social. Olho para o vídeo divulgado – e tenho minhas dúvidas se deveria ter sido - e vejo um ser humano fragilizado pela banalização do sentido da vida. Pela ausência de idéias, pela ausência de um comportamento social desejado e pela descrença nas leis de seu país. Execrá-la publicamente não me parece ser a resposta que queremos.


Luiza representa uma boa parte da infância e da juventude que temos hoje, não só em nosso país, mas no mundo. E seduz uma massa crítica que engloba, inclusive, pessoas que vivem fazendo o que ela fez. Luiza é um resultado, não é a causa. Sua atitude deveria nos alertar para a falência do convívio social, para a omissão do estado no campo da educação e da cidadania. Para o desrespeito do ser humano consigo mesmo. Jornais, redes sociais e televisões expõem seu dia de cão. Seu dia de ficção. E quando ela comenta a realidade as pessoas dizem: Nós quem, cara pálida?

Não estou escrevendo uma defesa de Luiza. Não a conheço, nem a sua família. Mas quero ser solidário a ambas, em um momento tão difícil como esse. A Justiça deve prevalecer e ser soberana às emoções. Mas, em meu modesto entender, não pode permitir que a tratemos como se não fosse um pedaço de nós mesmos. Como se fosse algo descartável e contagioso. É dever de o estado buscar entender o que está acontecendo com toda uma geração. Renega-la é desconhecer Hemingway que nos lembra sempre que ninguém é uma ilha.



1 comment:

Juca said...

Marquinhos eu acho que o trecho da entrevista não deveria ser divulgado também. Denunciar é uma coisa, expor uma adolescente à execração pública daquela maneira é outra muito diferente. O trecho do "Hem", olha a intimidade, vem de um poema de John Donne que termina com a frase: não pergunte por quem os sinos dobram, eles dobram pela Luiza...