A economia capixaba já
passou por decisões do governo federal que muito afetaram seu desempenho. Uma
delas foi o Plano de Erradicação dos Cafezais, de 1962 a 1970. Houve perda de
quase 55% da área do café, como se fosse um tsunami agrícola. o Grupo
Executivo de Racionalização da Cafeicultura , GERCA, elaborou um programa para eliminar
cafezais situados em regiões brasileiras inaptas e que tinham produtividade
inferior a 6 sacas beneficiadas/1.000 pés. Com isso, 235 milhões de pés foram
destruídos e 239 mil hectares de terra estavam liberadas. O motor
da economia capixaba havia sido atingido fatalmente, pois desde os anos 50
cambaleava tropegamente devido as crises nacionais e internacionais do setor.
Aquele fora um golpe derradeiro. Naquele momento a população rural era superior à
população urbana e as cidades interioranas perderam grande parte de suas
receitas, levando-a às cidades. O café havia substituído as lavouras de cana de açúcar com sucesso em
alguns deles.
O câmbio, especialmente nos
anos 1950, com uma política que desvalorizava a moeda brasileira, aumentou
a renda nominal dos cafeicultores - os Barões do Café - que plantaram mais café
ainda. Graças ao café, surgiram estradas de rodagem, a navegação fluvial
e a construção de ferrovias. O Porto de Vitória também expandiu suas
atividades para atender essa atividade econômica. Do ponto de vista social o programa de eliminação dos cafezais fora
do zoneamento adequado não deu certo e provocou desemprego no setor agrícola
com o êxodo rural inchando a grande vitória. Não havia um parque
industrial para absorvê-los. Essa é uma das origens de nosso caos urbano hoje.
São sequelas daquela época.
Porém, autoridades do Governo Estadual e
os empresários passaram a pressionar os órgãos Federais. Conseguiram um acordo
entre o Governo Estadual e o Instituto Brasileiro do Café (IBC), obtendo o
repasse de recursos que oxigenariam a atividade econômica estadual. Com isso,
por volta de 1969, o estado começou a operar um mecanismo de incentivos fiscais,
com política nitidamente voltada para a industrialização e a variedade da
economia cafeeira.
Assim, se antes tínhamos
apenas o Arábica passamos a ter o Conilon, um novo tipo de café e mais adequado
às áreas não montanhosas e com menor custo de produção. Também, o crescimento técnico da EMCAPA,
voltada à pesquisa agropecuária. Hoje somos o segundo maior produtor de café do
país com 70% do Conilon abastecendo o mercado interno e o Arábica predominante
no mercado externo. Do caos ao sucesso cafeeiro. Com o fim do Fundap somos
desafiados mais uma vez. Será preciso ter a mesma criatividade e tenacidade de
antes. Municípios terão que diversificar suas receitas com o turismo, por
exemplo, e melhorar o uso de suas receitas. Empresários terão que estimular
novos empreendimentos, como arranjos produtivos locais, sejam frutas, móveis ou
flores. Desconcentrar a Grande Vitória, valorizando municípios e suas vocações.
E o Estado procurar entender, além de buscar novas fronteiras de negócios como petróleo
e gás, porque não conseguiu ao longo da existência do Fundap criar condições
para dele ficar independente.
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