Thursday, April 12, 2012

A solução Conilon para o fim do Fundap


   A economia capixaba já passou por decisões do governo federal que muito afetaram seu desempenho. Uma delas foi o Plano de Erradicação dos Cafezais, de 1962 a 1970. Houve perda de quase 55% da área do café, como se fosse um tsunami agrícola. o Grupo Executivo de Racionalização da Cafeicultura , GERCA, elaborou um programa para eliminar cafezais situados em regiões brasileiras inaptas e que tinham produtividade inferior a 6 sacas beneficiadas/1.000 pés. Com isso, 235 milhões de pés foram destruídos e 239 mil hectares de terra estavam liberadas. O motor da economia capixaba havia sido atingido fatalmente, pois desde os anos 50 cambaleava tropegamente devido as crises nacionais e internacionais do setor. Aquele fora um golpe derradeiro. Naquele momento a população rural era superior à população urbana e as cidades interioranas perderam grande parte de suas receitas, levando-a às cidades. O café havia substituído as lavouras de cana de açúcar com sucesso em alguns deles.

   O câmbio, especialmente nos anos 1950, com uma política  que desvalorizava a moeda brasileira, aumentou a renda nominal dos cafeicultores - os Barões do Café - que plantaram mais café ainda. Graças ao café, surgiram estradas de rodagem, a navegação fluvial e a construção de ferrovias. O Porto de Vitória também expandiu suas atividades para atender essa atividade econômica. Do ponto de vista social o programa de eliminação dos cafezais fora do zoneamento adequado não deu certo e provocou desemprego no setor agrícola com  o êxodo rural inchando a grande vitória. Não havia um parque industrial para absorvê-los. Essa é uma das origens de nosso caos urbano hoje. São sequelas daquela época.
  
   Porém, autoridades do Governo Estadual e os empresários passaram a pressionar os órgãos Federais. Conseguiram um acordo entre o Governo Estadual e o Instituto Brasileiro do Café (IBC), obtendo o repasse de recursos que oxigenariam a atividade econômica estadual. Com isso, por volta de 1969, o estado começou a operar um mecanismo de incentivos fiscais, com política nitidamente voltada para a industrialização e a variedade da economia cafeeira.

   Assim, se antes tínhamos apenas o Arábica passamos a ter o Conilon, um novo tipo de café e mais adequado às áreas não montanhosas e com menor custo de produção. Também, o crescimento técnico da EMCAPA, voltada à pesquisa agropecuária. Hoje somos o segundo maior produtor de café do país com 70% do Conilon abastecendo o mercado interno e o Arábica predominante no mercado externo. Do caos ao sucesso cafeeiro. Com o fim do Fundap somos desafiados mais uma vez. Será preciso ter a mesma criatividade e tenacidade de antes. Municípios terão que diversificar suas receitas com o turismo, por exemplo, e melhorar o uso de suas receitas. Empresários terão que estimular novos empreendimentos, como arranjos produtivos locais, sejam frutas, móveis ou flores. Desconcentrar a Grande Vitória, valorizando municípios e suas vocações. E o Estado procurar entender, além de buscar novas fronteiras de negócios como petróleo e gás, porque não conseguiu ao longo da existência do Fundap criar condições para dele ficar independente.



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