Tuesday, March 13, 2012

Renato Guerra

Renatão. Era assim que os colegas e professores o chamavam. Sempre alegre, sorriso largo e uma vontade imensa de viver cada vão momento. Apesar de grande tinha um coração pequeno, daqueles que se carrega nas mãos, de mãos em mãos, como se distribuído entre os que conviviam com ele pudesse ser. Confesso que, apesar de ter sido seu professor, lembro mais dele como pessoa que aluno. Jakob Wassermann diz que certas pessoas têm uma aura especial e quando atravessam os umbrais de uma porta ainda permanecem no recinto que deixaram. Assim era Renato Guerra. Quando saía da sala ficava um pedaço de si entre todos que permaneciam. Reunidos, esses pedaços poderiam ser chamados de saudade. Ainda que breve, pois no outro dia ele estaria ali contando suas histórias e brincando com as pessoas. Especialmente nos dias em que o Flamengo iria jogar.



Então, ele formou e seguiu sua vida. Foi em busca de seus sonhos. Nunca mais o vi. Só, quando abri os jornais e vi uma pessoa ser vítima de uma violência inaceitável. Morreu onde nasceu. Na Prainha, berço da colonização do Espírito Santo. Um Estado que cada vez tem menos espírito e cada vez é menos santo. Percebi que ele havia deixado a sala de aula. Não de um local onde aprendia, mas onde ensinava a ser feliz, a ser amigo e a cultivar a paz. Percebi também que Renato não voltaria no dia seguinte, na aula seguinte. O direito de viver, de ir e vir lhe fora tolhido brutalmente. Mas, fica a certeza de que a frase de Wassermann é indelével. Sua aura, seu sorriso, sua alegria e sua presença contagiante estarão sempre nessa sala imensa chamada vida terrena.

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