Monday, March 12, 2012

Nelson Cavaquinho e os royalties do petróleo

É notório que a idéia da criação do FUNDAP teve por concepção a ampliação da atividade econômica no Espírito Santo pela propulsão mercadológica das importações. De forma direta com o crescimento do setor, ou indireta com o aumento das receitas públicas, os números mostram que isso ocorreu. Nem todos enxergam, porém, que essa dinâmica também fortaleceu a economia brasileira como um todo, especialmente o setor fabril em seus diversos segmentos já que a maior parte de nossas importações recentes refere-se a bens intermediários e bens de capital. Em bom português, aos insumos e máquinas fundamentais à nossa industrialização, ainda que tardia. O País se beneficiou tanto quanto nosso Estado. Se o governo federal, quando investiu nos grandes projetos aqui instalados, tivesse também investido em infra-estrutura e logística o FUNDAP seria desnecessário, ou de menor importância.



Ele funcionou como uma vantagem competitiva para salvar nossa economia local, já que nossa agricultura, pouco tempo antes, havia sido abalroada pela erradicação dos cafezais. Portanto, se há algo que a União pode fazer agora para recompensar sua omissão no atual debate sobre os argumentos da Constituição de 1988 e no aparente desinteresse pela causa capixaba, é dar realidade às obras do PAC e investir em nossos portos, aeroportos e eixos viários interestaduais.


Quanto aos Royalties tudo indica que se trata de um debate politicamente vencido pelos adversários, em que pese toda a dedicação de nossos representantes políticos em Brasília, enfrentando uma verdadeira luta de David contra Golias. Não fossem eles e o Governador Casagrande e suas batalhas na esfera política federal e já teríamos sido derrotados. Como se adotassem a tática do monumental Muhammad Ali, ao agüentar golpes adversários até encaixar o golpe demolidor e vencer a luta.


O próprio conjunto da sociedade há de perceber que se faz necessária uma melhor justiça distributiva, mas o debate amplo é fundamental. No entanto, há quase que uma imposição política no processo decisório. Assim, é possível admitir que uma estratégia a seguir seja o debate jurídico, no mínimo postergando essa decisão e oferecendo tempo para nossa economia absorve-la. Pelo menos a morte não só seria anunciada, mas teria data para chegar. E quem sabe reverter a situação. Mas, nem Nelson Cavaquinho, na vã tentativa de atrasar o relógio, escapou dela.

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