Tuesday, January 31, 2012

John Edgar Hoover by Clint


     Mais uma vez Clint Eastwood dá uma aula de cinema. De como fazer filmes. Clint tem a capacidade quase ímpar de comentar as fragilidades norte-americanas com uma concisão e com uma sutileza que inebria seus fãs. O desenho fotográfico é belíssimo e os diálogos exigem que o expectador seja como um índice remissivo, tipo aquele da biblioteca do Congresso em uma cena de ótima interpretação de Di Caprio. Não é um filme para pessoas de pouca cultura histórica. Clint não dá a mínima para os desinformados e não perde o precioso tempo cinematográfico em explicar contextos históricos.

      Assim é o filme sobre John Edgard Hoover. O eterno gestor do FBI, perpassando várias presidências de república. Clint passeia por nuances seguramente desconfortáveis para o povo norte-americano como os Kennedy, Marilyn, King, Bob, Nixon e Eleanor. Certa vez visitei Callaway Gardens, na Geórgia, e vi um pouco das histórias que Clint incorporou em seu filme. A esposa do célebre e vencedor presidente Roosevelt tinha suas preferências afetivas fora dois padrões Vitorianos, por assim dizer.

     Amante da boa música, Clint faz um tímido fundo musical com a bela “I only have eyes for you”. E só, praticamente. Parece insinuar que Hoover detestava a sensibilidade musical da época. Nem sabia dançar. Para ele os fins justificavam os meios e se precisasse seria até um novo Fausto. Para um país que revê suas entranhas, que saiu da perseguição aos imigrantes, depois aos terroristas e agora está obcecado por algo chamado “sexual harrasment”, um besteirol que incomoda a vida de pessoas gentis e que demonstram amizade pública, com a melhor das intenções o filme just fit in.. Claro, há também os verdadeiramente mal intencionados.

      A forma como Clint demonstra a paixão por outro homem é sublime. Um soco no estômago dessa onda de sexual harrasment. Esse filme mostra o que foi a ética nos Estados Unidos sob o poder e o egoísmo de uma de suas maiores autoridades. Um filme que poucos norte-americanos, como Clint, aplaudirão de pé. Pois não é um filme comercial, de grandes bilheterias. É um depoimento histórico feito sob a batuta de Clint. Um gênio contemporâneo.   

2 comments:

Moacir Dalpiaz said...

Opa. Conferirei....

Antonio Marcus said...

vale a pena ver...abcs