Depois da tempestade

Alguns assessores de Prefeitos ficam indignados com certas críticas postadas nas redes sociais, ainda que elas sejam feitas com pertinência e propriedade. Muitas vezes até tentam desqualificar seus críticos. Ou tentam associá-los a alguma figura política, como se as pessoas não tivessem opinião própria e isenção de expressão. Na verdade, deveriam explicar aos seus empregadores, o prefeito principalmente, o que é dissonância cognitiva. Assessores não existem para entender apenas, mas para explicar acima de tudo.



Em Vila Velha, o prefeito atual fez toda a sua campanha eleitoral com promessas mirabolantes, sendo o seu jargão principal fazer a cidade deixar de ser um dormitório e transformá-la, então, em uma metrópole moderna e economicamente pujante. Inúmeras vezes eu presenciei, em solenidades publicas, críticas abertas à gestão anterior. E promessas de uma nova cidade. Isso levou à uma expectativa imensa, a uma ânsia incontida de perceber ações concretas para melhorias reais. O tempo foi passando, as críticas e as promessas continuando e nada se realizando. Isso é dissonância cognitiva. O único produto concreto dessa nova administração é o Plano Diretor Municipal. É seu recall. Um exemplo de como não se deve fazer um. E as chuvas desnudam a maquiagem publicitária.


O caos social e urbano continua. Antes, quando haviam apenas os jornais, o tempo aplacava os ânimos ou os fatos eram enviesados e segmentados. Mas hoje, com as redes sociais, a circulação das percepções é imediata e ampla. Atinge níveis de visibilidade nacional e mundial em segundos. Assessores deespreparados tentam associar críticas ou comentários à uma polítca provinciana em que se separa os que são a favor de Max Filho e os que são a favor de Neucimar. Uma lamentável simplificação da realidade. São pessoas que trabalham para o prefeito e não para o município.


Não há nada contra a pessoa Neucimar, um vencedor na vida, um político vitorioso. Mas, sim, contra a distância nítida que existe entre o que prometeu e o que cumpriu. Sugiro a seus assessores que aprendam a trabalhar esse marketing reverso e reduzam a amplitude dessa reversibilidade. Destratar e desqualificar críticas só piora seus efeitos. E que parem de olhar pelo retrovisor. O futuro está além do parabrisa.