Poucas
vezes um país teve tantas oportunidades de se tornar vigoroso, forte e saudável
quanto o Brasil na última década. Com uma política econômica bem formulada após
o Plano Real, sem oscilações inflacionárias ou deflacionárias de porte ao longo
desses últimos anos, o país viu a bombordo e a estibordo ventos tempestuosos e
traiçoeiros passarem ao largo de sua imensa costa. Não só ventos dilacerantes,
mas terremotos e inundações pouca vezes vistas pela humanidade sequer tomaram
conhecimento de nosso país tropical. Atentados, disputas étnicas ou religiosas
também não nos afligiram. O partido dos trabalhadores, outrora baluarte das
mudanças sociais, aboletou-se na bolsa família como um canguru faminto e dócil.
Os sindicatos que tanto lutaram por anos que não acabaram içaram largas bandeiras
brancas. Criou-se a condição ideal: estabilidade política, estabilidade econômica
e consenso social. O futuro parecia haver chegado.
Estou relendo Galileu e Newton e lembrei
da angústia de Galileu ao apresentar sua inédita luneta: "prestaram mais atenção
na luneta que nas estrelas, algo que eu não consigo inventar, criar". Pois bem,
assim fez o nosso país. Lula quis ser a própria luneta e esqueceu da astronomia
social e econômica que o país precisa desvendar. Elogiou-se, paramentou-se,
apresentou-se ao mundo como se uma luneta fosse. O mundo não olhou para o
firmamento – o Brasil – mas, para o ex-presidente. E estamos como sempre fomos.
Ricos em recursos naturais, ricos em clima temperado, ricos em pessoas
trabalhadoras e amáveis, ricos em belezas naturais e pobres como dantes. Melhoramos
muito em vários setores, mas não o suficiente para assumir um papel de relevância
global concreta. Continuamos sendo uma
promessa. Das boas, claro.
O cenário é propício para uma economia
como a brasileira ocupar espaços globais melhorando as condições de vida de seu
povo. A Europa despedaçada, a América do Norte retraída, a Ásia sem liberdade
democrática, a América do Sul desestimulada, mas o Brasil - o “continente” que é - rico
como ouro de tolo, diria Raul Seixas.
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