A fábula do sapo em água fervendo
parece que está se configurando na Grande Vitória. De modo geral parece que os
atuais prefeitos – e alguns são muito bons – não estão percebendo que a
temperatura da água está elevando-se demais, chegando a níveis insuportáveis.
E, imaginando-se em uma lagoa de água morna, cantam melodiosas histórias de
obras redentoras da economia local, com lindos aeroportos, metrôs, superportos
e pontes majestosas. Lançam projetos e mais projetos, todos sem orçamento e
viabilidade urbana e ambientais assegurados. Tudo desejo. Costuram uma colcha
de retalhos acetinados. Bem
intencionados aspergem as multidões com o líquido abençoado da ilusão, do longo
prazo.
Nós, cidadãos, também aparentamos
a mesma síndrome do sapo descuidado, prestes a morrer queimado. Só quando
abrimos os jornais todos os dias percebemos que estamos em uma panela de
pressão sobre fogo aceso. São assassinatos, sequestros, assaltos e uma profusão
de delitos e agressões sociais que transformam a Grande Vitória em um sangrento
palco de guerra civil. Mas, parece que não notamos isso com a intensidade que
devíamos e seguimos desconfiados do pão nosso de cada dia. E de cada noite
também. O medo, a vigília, o sobressalto, a cautela e a reclusão são as armas
que sabemos usar em ambientes assim regidos. Ou pensamos saber usar. Botões de
pânico, câmeras urbanas, alarmes e portas giratórias são equipamentos quase
obrigatórios nessa situação de conflito civil. Somos míopes, pois não vemos que
o caos não é econômico – Royalties e Fundap – apenas, mas social
principalmente. E contra ele não parece haver tão grandes projetos.
No comments:
Post a Comment