Friday, October 28, 2011

A Fábula do Sapo e a Grande Vitória


A fábula do sapo em água fervendo parece que está se configurando na Grande Vitória. De modo geral parece que os atuais prefeitos – e alguns são muito bons – não estão percebendo que a temperatura da água está elevando-se demais, chegando a níveis insuportáveis. E, imaginando-se em uma lagoa de água morna, cantam melodiosas histórias de obras redentoras da economia local, com lindos aeroportos, metrôs, superportos e pontes majestosas. Lançam projetos e mais projetos, todos sem orçamento e viabilidade urbana e ambientais assegurados. Tudo desejo. Costuram uma colcha de retalhos acetinados.  Bem intencionados aspergem as multidões com o líquido abençoado da ilusão, do longo prazo.

Nós, cidadãos, também aparentamos a mesma síndrome do sapo descuidado, prestes a morrer queimado. Só quando abrimos os jornais todos os dias percebemos que estamos em uma panela de pressão sobre fogo aceso. São assassinatos, sequestros, assaltos e uma profusão de delitos e agressões sociais que transformam a Grande Vitória em um sangrento palco de guerra civil. Mas, parece que não notamos isso com a intensidade que devíamos e seguimos desconfiados do pão nosso de cada dia. E de cada noite também. O medo, a vigília, o sobressalto, a cautela e a reclusão são as armas que sabemos usar em ambientes assim regidos. Ou pensamos saber usar. Botões de pânico, câmeras urbanas, alarmes e portas giratórias são equipamentos quase obrigatórios nessa situação de conflito civil. Somos míopes, pois não vemos que o caos não é econômico – Royalties e Fundap – apenas, mas social principalmente. E contra ele não parece haver tão grandes projetos.


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