Thursday, October 20, 2011

Eu sou o Paulo Hartung.


Algumas pessoas têm ídolos ou heróis. Talvez a maioria delas. Os ídolos nos dão satisfação e alegria. Os heróis, orgulho. Também sou assim. Já quis ser o Bob Dylan, um ídolo. Comprei violão-folk, gaita, harmonica-holder (para segurar a gaita em frente a boca) e muitos livros com cifras de suas músicas. Blowing in the wind era minha música favorita. Agora que li “Crônicas”, uma autobiografia dele, vi que ele gostava muito de Sinatra cantando Ebb Tide. Eu também quis ser Frank Sinatra, por causa de meu irmão mais velho, Mauro. Criança, eu ficava impressionado com aquela voz, com os discos de vinil que havia lá em casa. Pensava àquela época: um dia vou ser um cantor igual ao Frank Sinatra. Mas eu quis também, certa vez ser o Martin Luther King. Negro como ele, desafiador impassível, mobilizador de ideais. Meu herói. Compro vários livros sobre ele sempre que vou a Washington DC. Na UFES, estudando Economia, eu quis ser o Che Guevara. Outro herói, apesar da polemica das execuções sumárias, a meu ver. Dois anos atrás levei meus alunos de Desenvolvimento Econômico para assistirem Diários de Motocicleta, como tema de prova.

Já tive ídolos e heróis mais recentes que quis ser também. Não perco essa mania de admirar pessoas, de ler biografias e me encantar com a vida delas. Agora, por exemplo, eu queria ser Isaac Newton. E ele, quis ser Descartes. Enfim, todos têm essas vontades, esses delírios personalísticos. Aqueles que não têm esse sentimento têm inveja. Muitas vezes, desdém. Não reconhecem um herói ou ídolo. São pessoas desprovidas da humildade e da empatia. Pois bem, eu queria ser o Paulo Hartung. Não porque ele seja um herói ou um ídolo para mim, mas porque ele tem algo que admiro nas pessoas. A capacidade de articular interesses, idéias, aspirações e recursos de uma forma convergente. É uma daquelas pessoas que não vence apenas, convence. Sem ser unânime. Eu mesmo tenho percepções sobre ele que fogem à unanimidade bajuladora que muitas vezes o cerca. Mas, nesse momento em que estamos à deriva no mar que cobre reservas petrolíferas e o FUNDAP, eu queria ser o Paulo. E assim, usar todas as suas características estadistas para recolocar o Espírito Santo em uma rota mais sustentável. Mesmo com toda a controvérsia que o cerca em relação ao seu estilo de governar, sinceramente eu queria ser o Paulo.

Creio ser ele o único que reúne a aceitação da maioria da sociedade, a capacidade de convencimento no sentido de agregar forças opositoras e a representatividade no cenário nacional para fazê-lo. Como todo gestor ele cometeu equívocos também, mas mesmo assim eu queria ser ele. E ao escrever esse texto eu não queria ser ele. Eu sou o Paulo Hartung.              
                                                                                                               

No comments: