Algumas pessoas têm ídolos ou
heróis. Talvez a maioria delas. Os ídolos nos dão satisfação e alegria. Os
heróis, orgulho. Também sou assim. Já quis ser o Bob Dylan, um ídolo. Comprei
violão-folk, gaita, harmonica-holder (para segurar a gaita em frente a
boca) e muitos livros com cifras de suas músicas. Blowing in the wind era minha
música favorita. Agora que li “Crônicas”, uma autobiografia dele, vi que ele
gostava muito de Sinatra cantando Ebb Tide. Eu também quis ser Frank Sinatra,
por causa de meu irmão mais velho, Mauro. Criança, eu ficava impressionado com
aquela voz, com os discos de vinil que havia lá em casa. Pensava àquela
época: um dia vou ser um cantor igual ao Frank Sinatra. Mas eu quis também,
certa vez ser o Martin Luther King. Negro como ele, desafiador impassível,
mobilizador de ideais. Meu herói. Compro vários livros sobre ele sempre que vou a
Washington DC. Na UFES, estudando Economia, eu quis ser o Che Guevara. Outro
herói, apesar da polemica das execuções sumárias, a meu ver. Dois anos atrás
levei meus alunos de Desenvolvimento Econômico para assistirem Diários de
Motocicleta, como tema de prova.
Já tive ídolos e heróis mais
recentes que quis ser também. Não perco essa mania de admirar pessoas, de ler
biografias e me encantar com a vida delas. Agora, por exemplo, eu queria ser
Isaac Newton. E ele, quis ser Descartes. Enfim, todos têm essas vontades, esses
delírios personalísticos. Aqueles que não têm esse sentimento têm inveja.
Muitas vezes, desdém. Não reconhecem um herói ou ídolo. São pessoas desprovidas
da humildade e da empatia. Pois bem, eu queria ser o Paulo Hartung. Não porque
ele seja um herói ou um ídolo para mim, mas porque ele tem algo que admiro nas
pessoas. A capacidade de articular interesses, idéias, aspirações e recursos de
uma forma convergente. É uma daquelas pessoas que não vence apenas, convence.
Sem ser unânime. Eu mesmo tenho percepções sobre ele que fogem à unanimidade
bajuladora que muitas vezes o cerca. Mas, nesse momento em que estamos à deriva
no mar que cobre reservas petrolíferas e o FUNDAP, eu queria ser o Paulo. E
assim, usar todas as suas características estadistas para recolocar o Espírito
Santo em uma rota mais sustentável. Mesmo com toda a controvérsia que o cerca
em relação ao seu estilo de governar, sinceramente eu queria ser o Paulo.
Creio ser ele o único que reúne a
aceitação da maioria da sociedade, a capacidade de convencimento no sentido de
agregar forças opositoras e a representatividade no cenário nacional para
fazê-lo. Como todo gestor ele cometeu equívocos também, mas mesmo assim eu
queria ser ele. E ao escrever esse texto eu não queria ser ele. Eu sou o Paulo
Hartung.
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