O ano de 1991 não foi um ano bom nos Estados Unidos. Eu
morava lá e podia perceber que a economia impingia uma dura realidade àquela sociedade.
Mas sua capacidade histórica de superação de problemas e desafios mostrava que “we
will overcome”. Com o desemprego havia uma grupo maior de pessoas à margem da atividade
econômica tímida e fugaz. Não todas, mas muitas dessas pessoas passaram a ser
inconvenientes para o equilíbrio de um sistema de convívio social que não abre
mão da força do “by the book”, ou seja, sem jeitinhos e compreensões sentimentalistas
e emocionais, salvo raras exceções.
Eu morava em uma belíssima cidade, Auburn, no estado de New
York, de pequeno porte e por isso mais unida e coesa em vencer seus desafios
econômicos e sociais. Uma cidade pacata. Mas nem todas tinham essas
características. Eu conhecia bem o estado da Geórgia e sua capital Atlanta e
sabia da histórica condição de rivalidade entre negros e brancos e algumas vezes,
naquela época, cheguei a pensar que a convivência entre eles pudesse ter alguns
sinais de complexidade elevada. Uma curiosidade para mim é que Martin Luther
King nasceu em Atlanta, na rua Auburn, nome da cidade que então eu morava. Mas
foi naquela majestosa cidade que também nasceu Margaret Mitchell, que escreveu “E
o vento levou”. Um negro e uma branca, ambos hoje famosos.
Quando li nos jornais hoje que Troy Davis, após 20 anos no
corredor da morte, será executado por injeção letal, em Atlanta eu me lembrei
daquele tempo, o ano de 1991. Foi nele que Troy, um negro, matou um oficial
branco, na cidade de Savannah. Aquela que aparece no filme “Forrest Gump”. Mas,
não me lembrei desse filme. Lembrei-me do primeiro livro que no âmbito jurídico
me chamou a atenção: “2455, Cela da morte”. Era um
profundo argumento de defesa própria contra sua morte na câmara de gás ou cadeira elétrica, nos
anos 1950. Pelo visto, de nada adiantou sua luta contra a pena de morte. Troy
tirou uma vida e perderá sua vida.
No comments:
Post a Comment