Wednesday, September 14, 2011

Max Filho e os dois mundos





Os acontecimentos recentes relacionados à possível filiação de Max Filho ao PSB parecem dizer que os Max não sabem fazer política entre os políticos. Como têm muitos votos - são considerados políticos de muita densidade eleitoral - isso leva a entender que são muito bons na arte de fazer política entre pessoas, entre eleitores. São dois mundos bem distintos, o dos políticos e o das pessoas. No primeiro é preciso exercer a arte da dissimulação, do dizer que sim quando não, do dizer que vai quando volta, do dizer que ama quando apunhala. É um ambiente melindroso, cheio de nuances e penumbras, de cortinas e tapetes espessos, pois há que se pisar sem fazer barulho e olhar sem ser visto. Quem navega bem nesses mares tormentosos e traiçoeiros normalmente nele se perpetua como tivesse a destreza de Thor Heyerdahl no comando de seu Kon Tiki. O mundo desses políticos é de uma subjugação intensa, de uma capacidade intrínseca de servir a si próprio e usar a conjugação política em um jogo nem sempre translúcido de poder. No mundo político destaca-se a arte cênica. Os Max são diretos demais. Dizem com todos os pingos em todos os is o que vão fazer e alardeiam isso em reuniões abertas, com seguidores de longos anos. Recebem a imprensa e divulgam o que estão fazendo. Não colocam o filtro polarizador na lente de sua máquina fotográfica que revela o mundo dos políticos.



Já no segundo mundo, o dos eleitores, e exatamente pelas características acima mencionadas, eles têm boa aceitação e milhares de votos, haja vista as últimas eleições. Eleitores respeitáveis gostam da linguagem que eles usam, sem subterfúgios, sem falsas promessas e altamente combativa em relação à corrupção. Nas últimas décadas, todas as questões jurídicas e denúncias formalizadas de grande vulto são de autoria dos dois. Eleitores gostam disso. Gostam do contraditório, da dialética. Ainda que outros políticos assim também sejam, os Max estão entre os poucos que podem fazer isso sem terem telhado de vidro. A questão central é que a impunidade e a lentidão da Justiça, em razão do processo jurídico, não concretizam essa postura no tempo político necessário e a autoria ou protagonização desses atos se materializa em outros momentos e até pessoas. Eleitores frustrados tendem a se locupletarem em potenciais benesses ou desistirem de sua cidadania política ao votarem. O conhecido voto de repúdio, de ironização da democracia.



E assim os Max vão seguindo suas vidas. Sem respaldo no mundo político e com muita aceitação no mundo dos eleitores. Tanto que ainda assustam muitos candidatos como mostrou o episódio recente, ao sequer permitirem uma filiação política. Mas, infelizmente, como todos os jornais mostraram, o que predomina hoje não é o interesse público, mas a hegemonia dos partidos políticos e suas coligações de poder. Ficou estranho e comprometedor esse comportamento do mundo político capixaba que tremeu apenas com a possibilidade de Max ser candidato. Imaginem com sua eventual eleição. O Brasil é um País cartelizado pela classe política. E assim não irá muito além do que já foi.

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