Não conheço os assessores mais próximos ao prefeito de Vila Velha, Neucimar Fraga, mas creio ser importante que alguém o oriente com relação ao repetitivo discurso de cidade dormitório. Políticos que buscam frases de efeito devem ter bastante cuidado em suas escolhas. Quando fui Secretário Municipal de Vila Velha eu sempre dizia ao Max Filho que aquele discurso, aquela frase de cidade com a segunda menor receita do Estado era algo totalmente dispensável e contraprodutivo. Mas ele gostava dela e a repetia onde quer que fosse. Apesar de usar excessivamente o argumento, Max tinha razão, pois números atestam que municípios que têm baixa receita também têm mais dificuldade de crescer e progredir. Mas Neucimar não tem essa correlação estabelecida entre cidade dormitório e não desenvolvimento ou crescimento.
As cidades dormitórios atualmente são aquelas que têm o crescimento econômico mais desejado. Hoje o conceito está em ter cidades boas de morar e trabalhar. De viver.
Pior ainda é quando o município pensa, como se estivesse na década de 1960, que a indústria resolveria a equação das receitas públicas. A sociedade que tem qualidade de vida, de dormir tranqüila, busca a era pós-industrial. Ou, das indústrias limpas. Ter uma industrialização tardia é pior que não a ter. É só ver o que aconteceu com as áreas de alcance urbano dos grandes projetos no Espírito Santo.
Posso fazer diversas autocríticas, mas não posso deixar de reconhecer a qualidade do governo anterior ao tratar muito bem a questão da regulamentação do uso do solo e dos espaços urbanos de Vila Velha. E a proximidade com o Ministério público, na pessoa de Dra. Nícia, sempre foi de muito diálogo e respeito às suas recomendações. Quando se propõe fazer um Shopping como o que se divulga que será feito ao lado da UVV, é necessário um Estudo de Impacto de Vizinhança. – EIV, por exemplo. Ou seja, deve existir a preocupação com quem trabalha, mas com quem mora também, com quem é parte do “dormitório”.
No governo anterior houve muita prioridade na atração de condomínios residenciais horizontais. A FGR é um, por exemplo. Aliás, todos que estão aí foram atraídos no governo anterior. É preciso dizer ao Neucimar que essa é a melhor atração, a de investimentos que melhorem a qualidade de vida, a possibilidade de dormir em paz. A área rural tem plena possibilidade de crescer por outras opções que não sua industrialização. Call Centers, Instituições de Ensino e Pesquisa, Inteligência Logística circuitos hoteleiros rurais e outros investimentos melhorariam o dormitório e não o extinguiriam como fala o Neucimar.
Mas ao que parece, a prioridade é invadir a área rural e atrair indústrias chinesas. O IBES - Instituto do Bem Estar Social, no Governo Jones, na foto acima, não seria o bairro que é hoje se Neucimar fosse prefeito à época. Seria, quem sabe, uma grande industria poluidora e inimiga dos dormitórios, e não o bairro cheio de empregos e empregados que é hoje. .
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