Sunday, September 11, 2011

Shadenfreude

Hoje, 11 de setembro, é um dia que nos faz refletir sobre a gênese humana. Sobre a forma histórica como os seres humanos se relacionaram ao longo de sua existência e organização social. Essa reflexão vem da força do jornalismo contemporâneo, especialmente o do espaço virtual, com sua velocidade e sua plástica inebriante. Mortes em imagens digitais e som dolby surround também digital. Os HDMI da vida atual. A Tragédia não mais relatada por Shakespeare, mas pela TV ou notebook. To be or not to be. That’s not the question anymore but an answer. E assim vamos respondendo as questões da conturbada vida humana, inspirados no mundo animal não racional. Assim como Mehmed II venceu as instransponíveis muralhas de Constantinopla com suas 192 torres pouco antes do descobrimento do Brasil, os terroristas venceram o espaço aéreo norte-americano e derrubaram duas torres de aço em direção ao azul do céu. Como aríete, modernos e potentes aviões incendiários. A tese e o argumento são os mesmos: a incompreensão mútua. Foi assim na queda da Bastilha, no Holocausto promovido pelos seguidores de Hitler, no massacre de Hiroshima e Nagasaki, no assassinato do Czar e sua família na Rússia, na caçada a Kadafi e seus seguidores. O mundo perdeu o juízo, a racionalidade em julgar e condenar. Ficou passional, emotivo, melindroso. Vive da desgraça alheia, seja em forma de vingança, de demonstração de superioridade étnica ou de campanhas políticas em benefício próprio como pedofilia, homofobia ou corrupção. O mundo está imundo. Sujo, contaminado, desvairado e mortal. Faz sentido reler Orwel. Enquanto isso se vive de Shadenfreude, a alegria que vem do infortúnio de alguém. Desde que o mundo é mundo. É preciso mudar isso ou pereceremos por isso.

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