Thursday, September 29, 2011

Eleições na UFES e jornalismo local


Eu não tenho predileção por jornais locais. Tenho pósdileção. Depois que leio entendo minha percepção sobre a maneira, a profundidade e a clareza com que os temas foram construídos. Só tenho predileção por autores de livros, compositores de música e diretores e atores de filmes e teatro. Leio tudo de Becket mesmo não sendo um de meus prediletos. Escuto muita música da Rihana mesmo ela fazendo topless em uma fazenda de um hillbilly norte-americano e levando o velhinho a chamar a cavalaria americana. O John Wayne do além. Por isso, compro jornais sem preconceitos também. Gosto muito dos jornalistas capixabas, mas apesar de suas competências nem sempre gosto de suas matérias. E sei que eles não têm a autonomia necessária para bem produzirem da melhor forma. Há a questão do espaço, da diagramação, do editor ideológico, do dono do jornal e seus interesses corporativos. Enfim, por mais que se tente dizer, não há imprensa inteiramente livre. Nem pessoas inteiramente livres, Marx explicou, apesar de politicamente corretas. De forma ancestral somos reféns do mercado consumidor. E isso não nos diminui em nada. Só nos locupleta nesse mundo altamente competitivo.

Eu fiz um post no twitter sobre a cobertura de A Gazeta nas eleições da UFES e sugeri que o jornal havia dado pouca importância ao processo eleitoral naquela Instituição Federal. Porque eu esperava de um jornal de nível de excelência, com jornalistas de inegável competência e experiência uma melhor e mais ampla análise daquele que é o momento político mais importante desse ano. É inacreditável uma área como aquela com um custo amplamente expressivo e com um setor produtivo tão intenso como a da economia capixaba nos últimos anos, ser tão insuficiente, insegura e pouco inserida no desenvolvimento desse estado. O que acontece ali? O que precisa ser mudado, melhorado, intensificado? Como entrar naquele palco de baixa visibilidade da universidade federal? Aí está uma boa oportunidade.

Ontem eu fiz uma palestra com perguntas ao final na Conferencia Municipal do Trabalho em Vila Velha. A relação patrão-empregado é sempre a bola da vez. Eu fiquei me perguntando por que as pessoas ficam se desgastando tanto em alguns assuntos enquanto outros passam ao largo. Ninguém levantou a questão da UFES. É lá que aqueles trabalhadores teriam o direito de estudar. Seus filhos também. Nossos impostos nela estão investidos. Mas, não. Ninguém se interessou ou levantou essa questão. Há uma imensa miopia do que seja política. E, no meu modesto entender, a imprensa local só teve um jornal que melhor destacou com a devida importância essas eleições. Desde seu início. Matérias amplas, subseqüentes.  Nos debates que promovi sobre o assunto eram com ele que meus alunos chegavam, ainda que eu não direcionasse a escolha para algum.

Hoje também vi um post do professor de mídias sociais, Fernando Mendes, muito competente, alertando sobre o cuidado de postar opiniões em mídias sociais, pois de  certa forma o mercado de trabalho poderia ser seletivo nessas situações. Tenho certeza que coloco minhas opiniões de uma forma construtiva e imparcial E essa certeza vem do carinho e do respeito que os dois jornais me concedem em seus feedbacks sobre meus posts ou artigos. Mas vou ser mais cauteloso ainda. Não pelo mercado de trabalho, mas pela responsabilidade que tenho – e isso foi uma conquista difícil - em formar opiniões alheias.   


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