Eu
não tenho predileção por jornais locais. Tenho pósdileção. Depois que leio
entendo minha percepção sobre a maneira, a profundidade e a clareza com que os
temas foram construídos. Só tenho predileção por autores de livros,
compositores de música e diretores e atores de filmes e teatro. Leio tudo de
Becket mesmo não sendo um de meus prediletos. Escuto muita música da Rihana
mesmo ela fazendo topless em uma fazenda de um hillbilly norte-americano e levando o velhinho a chamar a cavalaria americana. O John Wayne do além. Por
isso, compro jornais sem preconceitos também. Gosto muito dos jornalistas
capixabas, mas apesar de suas competências nem sempre gosto de suas matérias. E
sei que eles não têm a autonomia necessária para bem produzirem da melhor
forma. Há a questão do espaço, da diagramação, do editor ideológico, do dono do
jornal e seus interesses corporativos. Enfim, por mais que se tente dizer, não
há imprensa inteiramente livre. Nem pessoas inteiramente livres, Marx explicou, apesar de
politicamente corretas. De forma ancestral somos reféns do mercado consumidor.
E isso não nos diminui em
nada. Só nos locupleta nesse mundo altamente competitivo.
Eu
fiz um post no twitter sobre a cobertura de A Gazeta nas eleições da UFES
e sugeri que o jornal havia dado pouca importância ao
processo eleitoral naquela Instituição Federal. Porque eu esperava de um
jornal de nível de excelência, com jornalistas de inegável competência e
experiência uma melhor e mais ampla análise daquele que é o momento político
mais importante desse ano. É inacreditável uma área como aquela com um custo
amplamente expressivo e com um setor produtivo tão intenso como a da economia
capixaba nos últimos anos, ser tão insuficiente, insegura e pouco inserida no
desenvolvimento desse estado. O que acontece ali? O que precisa ser mudado,
melhorado, intensificado? Como entrar naquele palco de baixa visibilidade da
universidade federal? Aí está uma boa oportunidade.
Ontem
eu fiz uma palestra com perguntas ao final na Conferencia Municipal do Trabalho em Vila
Velha. A relação patrão-empregado é sempre a bola da vez. Eu fiquei me
perguntando por que as pessoas ficam se desgastando tanto em alguns assuntos
enquanto outros passam ao largo. Ninguém levantou a questão da UFES. É lá que
aqueles trabalhadores teriam o direito de estudar. Seus filhos também. Nossos
impostos nela estão investidos. Mas, não. Ninguém se interessou ou levantou
essa questão. Há uma imensa miopia do que seja política. E, no meu modesto
entender, a imprensa local só teve um jornal que melhor destacou com a devida
importância essas eleições. Desde seu início. Matérias amplas, subseqüentes. Nos debates que promovi sobre o assunto eram
com ele que meus alunos chegavam, ainda que eu não direcionasse a escolha para
algum.
Hoje
também vi um post do professor de mídias sociais, Fernando Mendes, muito
competente, alertando sobre o cuidado de postar opiniões em mídias sociais, pois de certa forma o mercado de trabalho poderia ser seletivo nessas situações. Tenho
certeza que coloco minhas opiniões de uma forma construtiva e imparcial E essa
certeza vem do carinho e do respeito que os dois jornais me concedem em seus
feedbacks sobre meus posts ou artigos. Mas vou ser mais cauteloso ainda. Não
pelo mercado de trabalho, mas pela responsabilidade que tenho – e isso foi uma
conquista difícil - em formar opiniões alheias.
No comments:
Post a Comment