Naquela manhã eu era presidente do Instituto Jones dos Santos Neves. Uma manhã sorridente, balançada pelos ventos que farfalhavam nas árvores da pracinha bem próxima. O Instituto ficava ali onde hoje é Faculdade Saberes, na Avenida César Hilal. Vivia um bom momento com uma nova visão de Instituição Pública, ainda que fosse algo bastante inédito para a tradição local e principalmente para aquele centro de formulação, planejamento e implantação de projetos sociais e urbanos. Era o governo Albuíno e o Secretário de Planejamento, ao qual o IJSN estava subordinado, era o Luiz Paulo Vellozo. Ambos bastante inovadores em modelos de gestão. Eu estava chegando de uma temporada nos Estados Unidos e também cheio de posturas inovadoras. Certa vez Paulo Hartung, já ao fim de meu tempo como presidente, foi nos visitar e eu o convidei à minha sala. Então ele disse: “Admiro seu trabalho aqui, mas não concordo com o modelo de gestão”. Esse órgão tem que viver de fontes do orçamento público e não de contratação de serviços mercadológicos, acrescentou ele. Hoje, parece que isso acontece com uma nova fase das finanças estaduais em razão da conjuntura econômica.
Mas o fato que me fez escrever esse texto é outro. Naquela mesma manhã eu soube que havia um incêndio na Vila Rubim. Corria o ano de 1991. Então, eu sentei ao computador e escrevi um pequeno texto, um artigo. E resolvi encaminha-lo ao jornal A Gazeta, para a coluna opinião. Naquela época, quando escrevíamos mandávamos para Chico Flores. Era interessante porque se colocava o texto, datilografado ou digitado, em um envelope e o entregava na portaria do jornal. Mas o melhor mesmo era levar em mãos até a mesa do Chico, um cara taciturno, mas cordial. Depois da publicação desse texto muitos outros de minha autoria vieram. Tenho todos os recortes aqui no escritório. Chico era uma pessoa formidável e sempre nos atendia ao telefone com o ritmo de seu coração. Gostava de um bom texto e ligava para dizer isso. Gostava do que fazia. Depois houve mudanças, mas eu lembro bem também do período em que os textos eram encaminhados para José Irmo, um craque, um jornalista ímpar. Publicou muitos textos de minha autoria e agradecia pelo envio. Elogiava o texto. Era um apaixonado pelo que fazia. De quando em vez pedia um texto com objetivo específico para um contraponto com alguém. Um maestro.
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