O
Rodney deslanchou sua candidatura a PMVV. Está na TV, nos jornais, nas ruas.
Todos de certa forma já esperavam por esse passo político do Deputado mais
votado do Estado. Um fenômeno das urnas. Sem líderes comunitários, sem
discursos, caminhadas, abraços e apertos de mãos em feiras públicas ele
amealhou um expressivo número de votos, deixando na poeira de seus votos a
visão embaçada de seus concorrentes. Muitas foram as explicações e, claro, a
minha tese da commoditie conveniente também foi utilizada ao explicarem que ele
era o candidato de Paulo Hartung. Fica mais fácil essa explicação, mas ela
simplifica demais. Uma outra, de compra de votos, eu prefiro não acreditar dada
a sua formação e consciência do risco que isso poderia significar. Trabalho em
rede, estratégia da Avon e da Natura, quando se estabelecem redes domiciliares
de multiplicação de votos, não parece ter sido sua organização, pois teria sido
bastante visível nos bairros. E a internet? Teria sido ele um Obama estadual em
termos de mobilização? Também não posso admitir.
O
que fez então para obter tantos votos? Aí que eu pareço começar a entender. Foi
o que ele não fez, em termos de política tradicional, que lhe levou a
Assembléia Legislativa. Comícios, carreatas, caminhadas, panfletagem, orações
em cultos e igrejas, reuniões comunitárias. Nada disso. Nem promessas, pois
pouco falou. Rodney, como deputado, é produto do voto pragmático. O Batman da
política local. O Justiceiro blindado pelo seu uniforme de combate nos morros e
áreas de periferias. Exatamente onde há muitos votos. A insegurança,
paradoxalmente, pode ter elegido de forma tão significativa o ex-delegado.
Muitos de meus alunos, que moram em bairros inseguros e afastados daquele
Espírito Santo da prosperidade, dos eventos midiáticos, do Novo Espírito Santo,
escolheram e sabem de pessoas que escolheram Rodney com a esperança de
proteção. De combate a bandidagem. Para eles, em uma liberdade metafórica,
Rodney poderia ser o paladino da justiça, algo inacessível para eles.
Talvez,
penso eu, contou também com setores da Polícia Militar e da Polícia Civil, já
que alguns de seus assessores parecem pertencer a essas Instituições, o que
representa, entre votos diretos e indiretos, uma grande votação. Fico pensando
como Rodney faria agora. Pelo visto, já mudou de tática. Fará reuniões
políticas mais abertas, assumirá posições de liderança e publicidade em seu
partido e buscará alianças partidárias como protagonista não mais submerso no
mar das composições. Deixará então de ser o Paladino dos oprimidos pela
insegurança e passará a imagem agora de político de carreira, com projeto de
poder? Não tenho bola de cristal, mas o tempo dirá! E quem sabe, repetir o êxito anterior, pois, às vezes, quem bebe grapetti, repete!
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