Saturday, September 24, 2011

Rodney, Prefeito?


O Rodney deslanchou sua candidatura a PMVV. Está na TV, nos jornais, nas ruas. Todos de certa forma já esperavam por esse passo político do Deputado mais votado do Estado. Um fenômeno das urnas. Sem líderes comunitários, sem discursos, caminhadas, abraços e apertos de mãos em feiras públicas ele amealhou um expressivo número de votos, deixando na poeira de seus votos a visão embaçada de seus concorrentes. Muitas foram as explicações e, claro, a minha tese da commoditie conveniente também foi utilizada ao explicarem que ele era o candidato de Paulo Hartung. Fica mais fácil essa explicação, mas ela simplifica demais. Uma outra, de compra de votos, eu prefiro não acreditar dada a sua formação e consciência do risco que isso poderia significar. Trabalho em rede, estratégia da Avon e da Natura, quando se estabelecem redes domiciliares de multiplicação de votos, não parece ter sido sua organização, pois teria sido bastante visível nos bairros. E a internet? Teria sido ele um Obama estadual em termos de mobilização? Também não posso admitir.

O que fez então para obter tantos votos? Aí que eu pareço começar a entender. Foi o que ele não fez, em termos de política tradicional, que lhe levou a Assembléia Legislativa. Comícios, carreatas, caminhadas, panfletagem, orações em cultos e igrejas, reuniões comunitárias. Nada disso. Nem promessas, pois pouco falou. Rodney, como  deputado, é produto do voto pragmático. O Batman da política local. O Justiceiro blindado pelo seu uniforme de combate nos morros e áreas de periferias. Exatamente onde há muitos votos. A insegurança, paradoxalmente, pode ter elegido de forma tão significativa o ex-delegado. Muitos de meus alunos, que moram em bairros inseguros e afastados daquele Espírito Santo da prosperidade, dos eventos midiáticos, do Novo Espírito Santo, escolheram e sabem de pessoas que escolheram Rodney com a esperança de proteção. De combate a bandidagem. Para eles, em uma liberdade metafórica, Rodney poderia ser o paladino da justiça, algo inacessível para eles.  

Talvez, penso eu, contou também com setores da Polícia Militar e da Polícia Civil, já que alguns de seus assessores parecem pertencer a essas Instituições, o que representa, entre votos diretos e indiretos, uma grande votação. Fico pensando como Rodney faria agora. Pelo visto, já mudou de tática. Fará reuniões políticas mais abertas, assumirá posições de liderança e publicidade em seu partido e buscará alianças partidárias como protagonista não mais submerso no mar das composições. Deixará então de ser o Paladino dos oprimidos pela insegurança e passará a imagem agora de político de carreira, com projeto de poder? Não tenho bola de cristal, mas o tempo dirá!  E quem sabe, repetir o êxito anterior, pois, às vezes, quem bebe grapetti, repete!

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