A Tribuna e A Gazeta

Eu sou um habitual leitor de jornais. Dos locais aos nacionais e internacionais. Gosto de fazer isso há um bom tempo e mais recentemente tenho procurado comentar suas matérias. Aos amigos e ex-alunos no exterior eu expresso minhas percepções em forma de pequenos textos ou mesmo longos artigos via e-mail. Aqui no Espírito Santo eu uso o Twitter ou esse meu blog para externalizar alguns pensamentos e sugestões. Tenho vários amigos e conhecidos na imprensa local, pois há bastante tempo sou solicitado para entrevistas e comentários escritos ou verbais. Algumas vezes sou convidado para falar em algum programa de televisão, mas não os comento. Gosto mesmo de me ater ao jornalismo escrito. Sei do risco que corro ao ser mal interpretado em algumas criticas e sugestões. Até mesmo elogios podem fazer surgir alguma insatisfação entre partes mercadologicamente rivais. Não sou jornalista, mas compro e leio jornais. Portanto, sou o objetivo de todos eles: o leitor.

Aqui no Espírito Santo há dois jornais de destaque. Sei que existe o Noticia Agora, mas vou deixá-lo de lado, apesar do volume de sua vendagem. Por uma questão de representatividade histórica o deixo à margem desse texto. Há mais de 20 anos o jornal A tribuna fez uma mudança ousada em seu formato, adotando o modelo tablóide. O grupo João Santos, após o falecimento de João Santos Filho em acidente de avião, procurava reposicionar o jornal. Sérgio Maçãs era o executivo de São Paulo que comandaria esse momento, mas o próprio Fernando Santos participou de algumas decisões cruciais. E foi ele quem bateu o martelo pelo formato tablóide. De lá para cá o jornal deu um salto impressionante em infográficos, cores e matérias mais informativas. O jornal foca tudo que possa ser interessante para o leitor deixando para ele o critério de importância dos temas no contexto geral. Um mesmo jornalista pode trabalhar em mais de uma matéria e assim ficar multidisciplinar e trabalhar colaborando em outras áreas de conhecimento. As editorias têm um papel importantíssimo na definição de pautas.

O que mais chama a atenção é o seu preço, o mesmo há mais de uma década, provavelmente subsidiado por outras áreas de negócio do grupo João Santos. Isso é um fator diferencial na decisão de compra de um jornal com tanto conteúdo. Faz matérias mais longas e com muita informação. Já o jornal A Gazeta, um ícone do jornalismo capixaba, tem uma história diferente, a meu ver muito conectado com a política local, até pela natureza de seus fundadores. Posso estar enganado, mas essa mesma percepção existe em muitas outras pessoas que conheço. Teve uma respeitada e prestigiada coluna Opinião e sempre foi muito observado pelos seus editoriais. Um jornal que destacava bem mais os assuntos de importância política e social. Chegou a ter um bom caderno dois e um classificados muito procurado. A sua principal característica sempre foi o formato. Aliás, o seu diferencial visual. Porem, recentemente mudou não só o formato, mas a sua competência essencial. O quadro de jornalistas continua de muito bom nível, mas optou pelo que chamo de cultura Veja. Um monte de pequenos comentários sobre vários assuntos. Suas páginas amarelas são os Hipertextos.

Tenho muito respeito pelos jornalistas de ambos os jornais, mas creio que um está aproveitando bem melhor a competência inquestionável de seus jornalistas que outro. O jornal A Gazeta me concedeu uma honraria ao qual sou muito grato, que foi solicitar um artigo para a coluna opinião do primeiro número com novo formato. Sou um confesso admirador do jornal, mas não posso negar a qualidade, na concepção de Juran, de A Tribuna, que ficou indispensável e foi além da cultura Veja.