Brasil sem Miséria

Hoje cedo li em jornal local que o governo federal tem incentivado o programa “Brasil sem miséria”. Porém, o que tenho observado é que suas decisões na verdade têm tirado muitas pessoas da miséria do não ter para a miséria do ter e se endividar intensamente. Na realidade, essas pessoas têm a sensação do ter algo, pois pelos contratos pode ser um financiamento com o bem como garantia ou ainda um leasing. O bem, até seu pagamento final, é dos outros. Essa imaginária posse é regada por juros exorbitantes, inclusive praticados pelos bancos oficiais como CEF e Banco do Brasil. A própria receita federal utiliza juros estratosféricos em suas atualizações de débitos. Há um festival insano no país do carnaval. Existem bancos que chegam a cobrar 19% ao mês em um limite de cheque especial. E o Governo Federal nada faz. Como tirar os brasileiros da miséria? Na verdade, estão empobrecendo pelo pagamento de juros abusivos, multas e impostos.

E jornais de hoje divulgam que o governo está iniciando um novo programa de microcrédito, orientado pelo Ministério da Fazenda. O da Fazenda Nada. Sim, pois não é possível considerar que uma taxa de 8% ao ano seja incentivo para alguém sair da informalidade ou entrar no mercado de trabalho como empreendedor. E o pior é que o Ministro alardeia que hoje estamos melhores, pois segundo ele em 2005 tínhamos 84 milhões de pessoas com acesso aos bancos. Agora somos 118 milhões. Sem medo de errar, penso eu, a imensa maioria pagando empréstimos consignados, empréstimos pessoais, financiamento de veículos e eletrodoméstico a juros exponenciais.

Enquanto isso os jornais divulgam que o senador José Sarney, amigo do governo federal, capricha em seu próprio salário colocando R$ 62.000,00 todo mês em seu bolso. O “Bolsa Senado”! É assim que teremos um “Brasil sem miséria”? Creio que não!