O Brasil já viveu várias crises. Até algum tempo atrás a pior delas parecia ser o tempo da ditadura. O cerceamento da liberdade em forma de prisões e torturas. Mas hoje apresenta uma crise tão grave quanto e talvez a pior de todas no mundo contemporâneo. A crise moral, ética e de princípios. Estamos vivendo uma intensa banalização dessa alma mater, a honestidade. A estrutura social do país desmorona por implosões subseqüentes de suas fundações, dos pilares de sua ética. Sim, não temos a crise das bolsas, dos mercados, dos ditadores do Oriente Médio, dos terremotos ou furações. Não temos uma crise. Somos a própria crise. E estamos continuadamente agredindo a si próprios.
O jornal A tribuna muitas vezes é taxado de sensacionalista, de dar prioridade as notícias que mostram verdadeiramente o cotidiano das pessoas e de suas organizações e instituições. Mas ainda bem que ele age assim. Que tem essa postura estratégica. Que mostra de forma fria e nua a impunidade, a insegurança e o descaso com os cidadãos capixabas. A meu ver, um de seus méritos é não personificar isso em governantes ou jogos políticos. Não. Mostra fatos, pesquisa fontes e constrói um painel realístico. O jornal fala o que o leitor gostaria de falar. Opta entre a agenda sete e a espiral que os jornalistas têm à frente.
Isso identifica muito o leitor. Ele lê o que gostaria de ter dito, de extravasar. Sente-se realizado, percebe que alguém expõe as feridas de seu dia a dia. Do ônibus lotado, do assalto à saída dos bancos, das motos inconseqüentes. Dos direitos básicos de uma pessoa ao buscar atendimento de saúde. Tem também uma agenda positiva, como se fosse um bálsamo para o leitor repousar seu corpo cansado do açoite implacável da pior de todas as crises que o Brasil já viveu. Nem milhões de dólares injetados em nossa economia a resolveria. A crise é de caráter.
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1 comment:
Olá Antonio.
Concordo plenamente e acho que nosso problema vem piorado. Analisando a classe política, mais especificamente, o medo e avergonha de terem sido flagrados em atos ilícitos, desonestidades, já não existe.
Nossos políticos não pedem demissão. Precisam ser "enxotados" do cargo, mesmo com comprovações de desvios.
Abraço.
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