Sunday, August 14, 2011

Cargos Comissionados

Eu tenho acompanhado nos noticiários em geral que há uma enorme campanha para acabar com os cargos comissionados no setor público. Os administradores públicos consideram esse o grande mal da improdutividade e do descompromisso com resultados positivos. Os cargos públicos passaram a ser o vilão e a desculpa para o não êxito das políticas públicas em muitos setores. Também, do gasto desnecessário. Ora, isso é uma tremenda miopia, é lavar o bebê e joga-lo fora com a água suja da bacia. O problema central não está na existência de cargos públicos, mas nas suas nomeações apadrinhadas apenas para que alguém receba um bom dinheiro e faça suas articulações políticas ou trabalhe me benefício próprio. Esse é o verdadeiro mal, o que tem que ser combatido. Na verdade, vejo a existência de cargos comissionados como uma solução inteligente para o não engessamento da máquina pública com os cargos efetivos, de difícil extinção.

Em situações de crise, como a que temos vivido nos últimos anos, os empregos públicos dificilmente são reduzidos e o custeio das estatais ou empresas mistas mantém-se elevado apesar da queda de receita. É claro que não é possível existir uma infinidade de cargos comissionados, mas é sempre bom que o Estado possa encolher em termos de folha de pessoal temporariamente, fazendo novas contratações em períodos de ascensão econômica. As empresas privadas não têm cargos efetivos e conseguem bons resultados exatamente pela necessidade de que seus funcionários estejam comprometidos com bons resultados. Caso contrário ficam desempregados. E podemos encontrar em várias empresas pessoas que nelas trabalham e até se aposentam. Assim também poderia acontecer no organismo público.

Querer ostentar a bandeira de extinção de todos os cargos comissionados me parece algo indevido, inconseqüente. Cada órgão ou Instituição deveria ter a sua própria dimensão proporcional entre cargos comissionados e concursados efetivos. Afinal, a revolução industrial aconteceu há muito tempo atrás e hoje estamos na revolução do conhecimento. E conhecimento aprisionado se atrofia.

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