Monday, August 15, 2011
Bengala Tecnológica
Desde a construção do cais de Paul a economia capixaba intensificou suas relações no comércio global. Aliás, até o nome daquele lugar é internacional, pois homenageia a estação de trens Saint Paul, em Londres. Muito tempo depois os chamados grandes projetos, como minério, celulose e aço, ainda voltavam-se ao mercado externo. Desse modo suas variações produziam impactos substanciais em nossa economia e suas finanças empresariais. Mas, o momento atual vai bem além da questão das finanças mundiais. Perpassa o âmago econômico quando se convulsionam modelos de produção, de acumulação e de distribuição da riqueza que ora explodem em Oslo, em Londres ou em Washington. A mais expressiva dessas manifestações econômico-políticas ocorre nos EUA. Um país tão forte que em menos de duas décadas teve os atentados de 2001, o combate ao terrorismo, o acidente no Golfo do México, o furacão Katrina, a eleição de um negro como presidente, a crise de 2008, agora a crise fiscal e política, mas sua economia continua fortemente respeitável. Eles sempre se remetem ao forte Álamo. O símbolo máximo da resistência norte-americana.
Não há como evitar impactos negativos dessa crise global na economia brasileira e muito menos no Espírito Santo em que esses negócios chegam a representar 50% de nosso PIB e os EUA são um país de imensa expressão nas importações pelos portos capixabas. Exportações poderão reduzir-se diminuindo a quantidade de moeda em poder dos empreendedores e dos trabalhadores desses setores. Como efeito dominó, é possível ainda haver redução na importação de bens, devido à queda do poder de consumo, fragilizando o sistema fundapeano e assim as receitas municipais. Toda a cadeia de negócios em logística poderá ser revista em termos de novos investimentos de curto prazo perdendo competitividade em relação aos estados mercadologicamente concorrentes. Planos e projetos de investimento tendem a ser postergados, como fez agora a Petrobrás. Nosso estado precisa aprender a caminhar mais com suas próprias pernas e não, majoritariamente, com o apoio da bengala tecnológica do mercado global.
Historicamente os principais e exitosos generais americanos foram o cinema e a música, sustentados pela vida universitária, pela liberdade de expressão e pela aceitação multiétnica. Esses tradicionalmente foram os impactos mais dinâmicos no comércio global, com destaque para o Brasil. Hoje o que se vê é a banalização desses valores e a descontrução de um modelo de dominação geopolítica.
PS: artigo publicado em A Gazeta de 15 de agosto de 2011.
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