Talvez eu vá desapontar meus leitores, mas eu continuo cético em relação ao futuro do nosso Brasil. Sei de todas as suas conquistas recentes, sendo a mais nobre, a democracia. Mas é uma democracia com muita corrupção e feudalismos político-partidários que a deformam. Desvirtuam. Recentemente foi publicada uma pesquisa da FGV em que se pode perceber o crescimento das classes A e B no período de 2003 a 2009, havendo encolhimento das classes D e E. Isoladamente essa parece ser uma boa notícia, mas apenas parece, pois toda boa notícia precisa estar contextualmente analisada. A pesquisa trata da renda em si, considerando como classe E, aqueles que ganham menos que R$ 1.008; D quem ganha de R4 1.008 a R$ 1.610; C quem ganha de R$1.610 a R$ 6.941; B aqueles que ganham de R$ 6.941 a R$ 9.050 e A todos que ganham acima de R$ 9.050. Ou seja, em tese, quem ganha R$ 10.000 está na mesma classe social que o Eike Batista. Só não sai na mesma foto que ele! Isso porque dentro da própria classe A existe uma desigualdade imensa. Por exemplo, nela, apenas 4,8% ganham acima de R$ 29.950. Na verdade, 55,4% não passam de uma renda familiar de no máximo R$ 10.950. As grandes rendas são como se fossem o cume do Everest. Difíceis de acessar!
Portanto, é preciso levar em consideração não apenas a renda, mas também a riqueza. O acesso aos bens relacionados à saúde, à alimentação, ao trabalho, ao transporte, à educação e ao lazer. E nesse caso, a considerada classe A e B, a elite da pesquisa, tem, em sua imensa maioria, pouco acesso ao necessário para uma vida de rico ou classe alta. Esses pagam o mesmo percentual de imposto de renda, 27,5%, mas não tem oferta de serviços públicos adequados e suficientes e assim consomem essa renda em faculdades particulares, planos de saúde, financiamento de automóveis e objetos de lazer. A renda pode ser tida como classe alta para um país em desenvolvimento, mas o consumo tem o custo de países ricos e já desenvolvidos. O importante, então, é observar o coeficiente de Gini, que mede a desigualdade de distribuição de renda. O Brasil tem o segundo pior coeficiente da América Latina, 0,56, perdendo apenas para o Equador, com 0,60. Quanto mais alto, esse coeficiente que vai de 0 a 1, pior é a situação.
A mesma pesquisa que mostra o crescimento das classes A e B, também mostra que a população de renda alta dos estados da região sudeste ultrapassa em 4,5 milhões de pessoas (uma Noruega, por exemplo) a soma de ricos de todas as outras regiões do Brasil. Por isso, apenas parece ser uma notícia boa quando isolada de um contexto ruim.
Vitória apresenta bons dados por ser uma cidade concentradora de serviços e arrecadação de receitas como Fundap e tributos de forma geral, mas se perde-los afunda em sua própria baía natural. Muitas empresas atuam em outros municípios, mas tem sede em seu território. Além disso, com a crise norte-americana e a ascensão da economia chinesa viu crescer suas atividades econômicas relacionadas ao comércio exterior, além da questão do petróleo e do gás. Se a China tropeçar, caímos no mesmo buraco.
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