
Quando li “Paris is a moveable feast”, de Hemingway, eu desejei conhecer aquela cidade. Pelo menos uma vez. Hoje, já fui mais de uma vez. Conheço boa parte de seus segredos não revelados nas revistas e livros de turismo. Sou seu cúmplice. Gosto de ficar perto do museu Dorsay, no caminho de quem vai até a casa em que Oscar Wilde morou. Algumas boulangeries matinais e bistrôs com cadeiras preguiçosas ao longo da calçada envolvem a cidade conferindo-lhe uma perene lembrança dos dias ali vividos. Quando chegamos, certa vez, fomos direto para o hotel em uma simpática rua do lado direito do Sena. Nada sofisticado e caro, mas prático e charmoso. Um hotel aconchegante como poucos. Rimos muito quando vimos que no elevador só cabiam duas pessoas e que tinha aquela porta de abrir, sanfonada. Estava encravado no centro de uma escada em caracol, de mármore colorido pelo tempo, idílio visual de qualquer arquiteto de boa qualidade. O quarto era como gostamos. Limpo, amplo, com janela ampla para um pátio tipicamente parisiense, florido em seus caramanchões. É aquele tipo de hotel em que as pessoas lhe chamam pelo nome. Você não é apenas mais um. Mas há bons hotéis em Paris, na rue lavoisier, na rue de rivoli e o hotel "mercure ettoile", hoje é uma boa opção. Novo, bem localizado (próximo ao Arco do triunfo, e na faixa de 110 euros ou pouco mais.
Era o início da tarde e não queríamos perder muito tempo descansando em um hotel. Pouco depois já estávamos vivendo, pelas calçadas, a beleza daquele bairro, perto de uma unidade da famosa Sorbonne. A primeira decisão foi subir até o topo da loja Printemps, com uma das melhores e tradicionais vistas da cidade. Um entardecer de cinema. Depois, foi descer e atravessar a ponte Neuf, olhando os barcos a passar por baixo dela, com música, requinte e admiração pela cidade e seus monumentos. Ficamos ali como quem quer ver o tempo passar sem deixá-lo ir muito longe. Mantê-lo perto. E, então, já escurecendo, entramos em um desses barcos e seguimos pela cidade, por baixo de suas pontes e ao lado de sua beleza ímpar. Quando passamos em frente a torre Eiffel já havia lembrado porque gostei tanto daquele livro. Depois, terminado o passeio de barco, voltamos para o hotel, andando pelas ruas noturnas da cidade-luz. E dormimos o sono dos contemplados com um dia memorável.
Foram quase vinte dias. Louvre, sorveteria Bertillon, Sacre Couer de Marie, Notre Dame, Casa de Rodin, Arco do Triunfo, Champs Elysees, Montmartre. Ah, melhor não citar lugares. Posso ser injusto e esquecer os mais bonitos. Basta só dizer: Paris em sua plenitude!
Assim - alem da cidade, da ida ao Vale do Loire e seus castelos, de um fim de semana em Londres - ficou marcada para sempre uma das minhas melhores idas a Paris. Essa. E, especialmente, porque eu estava acompanhado de minha filha Laura. Foi seu presente de aniversário de 15 anos. Desculpe, não foi um presente. Foi uma lembrança.
No comments:
Post a Comment