Sunday, December 27, 2009

Natal



Nesse natal eu pedi ao bom velhinho mais tolerância. Tenho andado insatisfeito coma Humanidade. Parece que não sabemos mais cuidar uns dos outros. Na verdade, a sensação é que o nosso senso de exploração aumentou. Seja com a flora, a fauna, a natureza em si e a própria espécie humana. Percebo que não há mais os grandes nomes, as figuras determinantes da História do Mundo. Os grandes estadistas, cientistas, humanistas e idealistas sumiram. O que existe em profusão são narcisistas, fraudes de Dom Quixote, materialistas excêntricos e individualistas aspirantes a celebridades. Tornamo-nos o átomo, a célula. Isolamo-nos do conjunto.

Por isso pedi mais sabedoria. O sábio não é aquele que apenas sabe. Esse pode ser o erudito. Sábio é aquele que usa o que sabe, aplica o conhecimento que domina, para o bem das pessoas. Tem ideais e luta por eles, defende-os como se fossem o sentido da vida. Disse ao Papai Noel que hoje as pessoas têm, na verdade, idéias e as colocam em prática para ganhar dinheiro. Ficar rico. Acumular bens materiais e ostentá-los ao melhor estilo vebleniano. Isso não é sabedoria nem erudição, é corrupção mesmo. Como certos políticos que se realizam financeira e patrimonialmente em poucos anos. Ou como certos empresários que acumulam riqueza e não participam de projetos sociais distributivos. Essa é a corrupção moral.

Pedi, também, mais compreensão. Mais empatia. As pessoas estão explosivas. Seja no transito, no trabalho, na família, no lazer. Ficamos agressivos. Raivosos como cães não vacinados. Nossos ambientes viraram jaulas, como se houvessem animais estressados dentro delas. Seres irracionais, incontidos em sua fúria. Parece uma rebeldia social, uma convulsão humanóide. Muitas músicas atuais expressam isso. Induzem a canibalização do relacionamento social, fazem do amar uma simples banalidade sexual. E do amor uma sofisticada sensação de inutilidade.

Por isso pedi ainda mais amor, Papai Noel. Aquele amor que encanta a vida. Que faz o coração sorrir. Desculpe se meus presentes não podem ser encontrados em lojas. Não tem preço estabelecido. Nem embalagem, sequer. Também não está nas igrejas, nos templos ou nas mesquitas. O que lhe pedi, amigo, está na alma, o melhor conceito do que seja Deus em cada um de nós. Então, é só você lembrar as pessoas que ela existe. E esses presentes se realizarão.

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