

Há algum tempo atrás, recente, eu afirmava em artigos ou mesmo em palestras e aulas, que administrar o município de Vitória, no Espírito Santo, era muito mais fácil que administrar outros municípios. Isso porque a quantidade de dinheiro à sua disposição era enorme, proporcionalmente à sua população e aos demais municípios. Além disso, é uma ilha de pequenas dimensões. Ali estão os grandes investidores, a alta escolaridade da população, a capital do Estado e a sede do Governo. Uma confluência de atributos altamente positivos para seu ótimo gerenciamento. Lembro que o então prefeito Paulo Hartung discordava dessa suposição e deixava isso bem claro em entrevistas e discursos em solenidades oficiais. Depois, Luiz Paulo, prefeito por duas vezes consecutivas, também deixou claro que discordava dessa opinião e dizia que uma receita expressiva e substancial não asseguraria o sucesso econômico-financeiro do município.
O tempo passa e agora os jornais publicam que Vitória tem o maior PIB – Produto Interno Bruto – do Estado, chegando a ser quase cinco vezes maior que seu município vizinho Vila Velha, o mais populoso do Estado. E, dentre todas as capitais do país, a maior renda per capita está em Vitória. Entretanto, esses mesmos jornais apontam que este município está em dificuldades financeiras, no sentido de que não consegue iniciar ou concluir obras essenciais para a população. Secretários municipais dão declarações desencontradas, reconhecem a debilidade do fluxo de caixa e se dizem impotentes. O prefeito parece estar mais presente na mobilização de forças políticas para a eleição do atual vice-governador e da ministra Dilma, salvo engano.
Linda Rita Alves não entendia bem dessas coisas políticas. Era zeladora. Seu ofício era zelar, manter as coisas em ordem para oferecer qualidade de vida às pessoas. Morreu porque alguns não zelaram por sua qualidade de vida. Por sua segurança enquanto cidadã. A mureta à beira mar que deveria lhe oferecer proteção era uma obra atrasada. Um caco de cimento. O Poder Público não zelou por ela. As águas da baía de Vitória a levaram para sempre, para desespero de seu marido que dirigia o automóvel lançado ao mar provavelmente por irregularidades na pista, próxima à curva.
Ele é um trabalhador que contribui para o maravilhoso PIB de Vitória. É auxiliar mecânico. Zela, também, pela vida dos outros. E assim procedeu, desesperado, ao tentar resgatar a esposa das águas impassíveis. Também aflito, por ser humano e sensível, um jornalista caiu no mar, na ânsia de registrar a brutalidade da ausência de zelo. Foi taxado de irresponsável, de venal. De querer obter mais do que a realidade. Como se fosse possível ir além da morte, do descaso, da tragédia cotidiana. O jornalista Nuno Moraes talvez não quisesse apenas a versão dos fatos. Jornalistas, de modo geral, têm o faro da verdade. Alguns se contentam e divulgam a versão. Esse não. Moraes quis zelar pela realidade. Movido pelo seu ímpeto, em homenagem a Linda, uma humilde zeladora.
Para mim, a lenda de que a abundancia de dinheiro leva à melhor administração pública morreu. Foi, também, tragada pelas águas polutas da baía de Vitória, a cidade mais rica de nosso Estado.
O tempo passa e agora os jornais publicam que Vitória tem o maior PIB – Produto Interno Bruto – do Estado, chegando a ser quase cinco vezes maior que seu município vizinho Vila Velha, o mais populoso do Estado. E, dentre todas as capitais do país, a maior renda per capita está em Vitória. Entretanto, esses mesmos jornais apontam que este município está em dificuldades financeiras, no sentido de que não consegue iniciar ou concluir obras essenciais para a população. Secretários municipais dão declarações desencontradas, reconhecem a debilidade do fluxo de caixa e se dizem impotentes. O prefeito parece estar mais presente na mobilização de forças políticas para a eleição do atual vice-governador e da ministra Dilma, salvo engano.
Linda Rita Alves não entendia bem dessas coisas políticas. Era zeladora. Seu ofício era zelar, manter as coisas em ordem para oferecer qualidade de vida às pessoas. Morreu porque alguns não zelaram por sua qualidade de vida. Por sua segurança enquanto cidadã. A mureta à beira mar que deveria lhe oferecer proteção era uma obra atrasada. Um caco de cimento. O Poder Público não zelou por ela. As águas da baía de Vitória a levaram para sempre, para desespero de seu marido que dirigia o automóvel lançado ao mar provavelmente por irregularidades na pista, próxima à curva.
Ele é um trabalhador que contribui para o maravilhoso PIB de Vitória. É auxiliar mecânico. Zela, também, pela vida dos outros. E assim procedeu, desesperado, ao tentar resgatar a esposa das águas impassíveis. Também aflito, por ser humano e sensível, um jornalista caiu no mar, na ânsia de registrar a brutalidade da ausência de zelo. Foi taxado de irresponsável, de venal. De querer obter mais do que a realidade. Como se fosse possível ir além da morte, do descaso, da tragédia cotidiana. O jornalista Nuno Moraes talvez não quisesse apenas a versão dos fatos. Jornalistas, de modo geral, têm o faro da verdade. Alguns se contentam e divulgam a versão. Esse não. Moraes quis zelar pela realidade. Movido pelo seu ímpeto, em homenagem a Linda, uma humilde zeladora.
Para mim, a lenda de que a abundancia de dinheiro leva à melhor administração pública morreu. Foi, também, tragada pelas águas polutas da baía de Vitória, a cidade mais rica de nosso Estado.
2 comments:
Puxa vida professor...muito bom esse artigo. Pura verdade!
obrigado pela leitura Adriano...grande abraço!
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