Tuesday, December 15, 2009

Chingachgook



Não tenho percepção política suficientemente acurada para identificar nas palavras do vice-governador Ricardo Ferraço se são autônomas ou não suas considerações sobre o PSDB, feitas nos últimos dias em reunião partidária. De todo modo, mesmo para um leigo em política partidária como eu, ficou clara a extemporaneidade de suas provocações, nitidamente excludentes. Parece que ele está sendo atraído para a armadilha de se achar o único, o imaculado. Gosto do Ferraço. Do seu jeito de ser enquanto pessoa educada, amável, dedicada ao trabalho e discreto. Então, me surpreendeu com essas suas declarações em ambiente público, eminentemente político partidário. Assim como sua forma de se defender atacando. Ao que parece, o candidato Luiz Paulo V. Lucas
Lembrei de James Cooper quando escreveu o clássico “O Ultimo dos Moicanos”. Uma leitura de infância ainda. Trata-se da guerra dos sete anos envolvendo ingleses, franceses e índios pela conquista de territórios do nordeste. A estratégia principal foi usar a rivalidade entre os índios e a própria destreza indígena. Jogar índio contra índio, explorando suas rixas. Havia índios terríveis como os Hurons, mas também havia índios mais qualificados como os Moicanos. No romance épico duas irmãs, Cora e Alice, são capturadas pelo terrível guerreiro Maguá. E um simples lenhador, Hawkeye, pode salva-la. E luta por isso. Há romance, paixão até naquele ambiente em que falsas promessas colocam índios a serviço da França e da Inglaterra, como se fossem soldados. Pensam unicamente em si, e isso os leva à destruição. Apenas Chingachgook, guerreiro hábil e sábio como uma coruja, permanece como o último dos moicanos.
No que está se desenhando para as próximas eleições ao governo do estado, parece haver um pouco dos traços de Cooper. Há o desejo de se conquistar o poder, o Governo. Para tanto, alianças impensáveis são feitas e a estratégia dominante permite ser vista como a de jogar políticos contra políticos, destacando ou criando rivalidades. Também, há um tratamento diferenciado entre os políticos, prestigiando os que estão do lado do Bem e os que estão do lado do Mal. O Bem é ser soldado; o Mal é continuar lutando, por continuar sendo índio, Moicano. Pessoas são capturadas, quando não cooptadas de um partido para outro, de um ideal para outro. Pensam apenas em si mesmos, pois há a idéia de um projeto único, irrevogável, perene.
Ferraço, em seu estado natural não tem o perfil de um guerreiro Huron. Suas declarações parecem ter outra naturalidade. Parece mais um emissário. Já Luiz Paulo, em seu estado natural, tende a ser uma combinação de Hurons e Moicanos. Eu, apesar de muitos falarem que sou amigo de Luiz Paulo e, portanto, tendencioso, na verdade torço por Chingachgook. Será ele Luiz ou Ferraço?
Em termos metafóricos, eu deixo ao sabor dos leitores quem seriam as irmãs Cora e Alice e, também, quem seria o temível guerreiro Maguá.

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