Friday, September 11, 2009

Richelieu



De férias, provavelmente o governador Paulo Hartung está acompanhando os desdobramentos e o rebuliço na política nacional e estadual e reorganizando seu pensamento e a formulação de suas estratégias competitivas. Sem a agenda oficial a lhe oferecer pronunciamentos de improviso ou de ímpeto, bem como audiências que lhe exijam tirar o foco de seu esforço concentrado, Paulo deve estar observando, analisando e construindo percepções sobre o tabuleiro de xadrez político que domina como poucos. Enxadrista, seria um Spasky ou um Fischer. Mas, é político mesmo. Dos mais competentes. Ouso dizer que atualmente, só o presidente Lula o vence. Este parece o Twitter do Mercadante: diz que vai fazer uma coisa e faz outra. Aeroporto, Pré-sal, aporte de verbas federais e outras questões importantes estão aí como exemplo. Na corte francesa Lula poderia ser visto como Richelieu e seu absolutismo real. Com seu Raison D’Etat, ele entendia que o bem estar do Estado justificava os meios para alcançá-lo.

Governador de um estado economicamente pequeno, Paulo é convidado para uma conversa com o presidente ao lado de dois estados muito fortes: São Paulo e Rio de Janeiro. Parece que o presidente tem a exata noção da habilidade de nosso governador, de sua capacidade de compor estratégias vencedoras mesmo perdendo. Ouviu muito e escutou pouco. Gostou da direção proposta, mas indicado a seguir para o sul, tomou o sentido do norte. Em solenidade oficial, como se estivesse em um churrasco com futebol, o presidente chamou nosso governador de “Paulinho”. Não sei quem foi mais sábio naquele momento. Se Paulo por receber publicamente essa deferência com neutralidade ou se Lula por passar a impressão de “amigo” do Espírito Santo. Um diálogo de mestres. Uma encenação, talvez, Olivieriana, com o presidente no ápice de sua teatralidade.

Agora, no âmbito da política estadual, Casagrande e Luiz Paulo, Irini e Perly mexem as pedras do tabuleiro, já antecipadamente arrumadas para o cheque mate final. Peões e torres movimentam-se aqui e acolá, protegendo a rainha – a governança – e fortalecendo o Rei e seu príncipe – potencial próximo governador. Sabendo com quem lida, a imprensa faz-se cautelosa, precavida e elegante. Está certa. O jogo político é muito pesado. Não é para amadores ou inexperientes. Além disso, não há como negar a competência hartungiana e sua inteligência emocional. Os manuais de gestão estratégica deveriam acrescentar um capítulo com “case” sobre seu modelo de gestão. Em tempos de US Open, Paulo é o Federer da estratégia competitiva. Claro que é imperfeito. Mas é fortemente competitivo, vencedor e blindado por colaboradores diretos de muita competência e qualificação. Seus adversários explícitos – é possível que muitos estejam enrustidos - têm muito que aprender para lhe incomodar ou provocar mudanças substanciais.

E um bom professor, com todo respeito, pode ser o presidente Lula. O mestre da conveniência política.

No comments: