Wednesday, August 12, 2009

Democracia Representativa



A nação está envergonhada. Toda uma luta que vem dos tempos de movimentos estudantis, eclesiásticos e de demais componentes da sociedade civil organizada está tingida com as cores pálidas da promiscuidade política partidária, democrática e republicana. Alguns autores contemporâneos, e Kaplan é um deles, se dedicam a entender porque a democracia escolhe más políticas e maus políticos. Tanto quanto as ditaduras. O que as difere é apenas a maneira pela qual fazem o mal, agridem e deturpam a realidade. È como se buscássemos entender por qual razão se elegem e se reelegem pessoas como Renam, Collor e Sarney, por exemplo. É uma curiosidade que busca saber o que faz um cidadão votar em exemplos notórios de inaceitáveis desvios de conduta. Ou, pessoas aceitarem estar a seu serviço.
A mais vergonhosa das estratégias, segundo Weber, seria a desqualificação de antagonistas, banalizando suas críticas e proposições. Foi o que o Senado fez com jornais e jornalistas, censurando-os. Profissionais que se expõem para mostrar à opinião pública as mazelas de políticos e autoridades públicas aéticas ou incompetentes são atacados e ironizados com a artilharia de uma rede de poder marginal, mas legitimada pelo voto popular. Por mais inverossímil que possa parecer, Lula, Renam, Collor e Sarney parecem estar vencendo. Weber tem razão. Assim como Rui, ao temer o triunfo da nulidade. E ela que nos faz sentir impotentes, incapazes de ajustar nossas velas de forma que o vento nos leve a dias melhores.
Acontecimentos recentes levam a acreditar que a democracia está incompleta. E a política, despolitizada. Não há sentido em seu exercício, como recomenda Victor Frankl. Sem senso politizado, a política passou a ser uma reverência ao personalismo. Ou seja, ela é antagônica à democracia, que se vê incompleta. Desse modo, é possível entender que seu caráter delegativo está corrompido. O uso até aceitável do poder da influência política na composição de equipes de trabalho foi substituído pelo fisiologismo execrável, permitindo assim que pessoas se locupletem.
Mas, nada disso nos deve levar à descrença política. A democracia e os partidos com seus políticos são essenciais. A estrada à frente e longa e sinuosa, mas ela há que existir de modo que nos leve sempre as portas da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Não é o capitalismo que precisa ser revisto, mas a democracia representativa, no sentido de institucionalizar regras e procedimentos para selecionar líderes e elaborar programas de governo. Ou ela continuará permitindo a escolha de alternativas erradas.

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