Monday, August 24, 2009

Das Flores




Nem tudo são espinhos na administração pública. De forma geral ela tem se transformado em esfera decisória incapaz de resolver a crescente demanda social, obliterada pela vulgaridade. Qualquer análise da história humana, ainda que superficial, permite entender que a gestão pública sempre foi insuficiente. A complexidade da convivência social, o hedonismo aético e o darwinismo econômico no mercado de trabalho provocaram uma dissonância significativa entre o que o Estado oferece e o que a sociedade necessita. Essa dissonância só se reduz em países que priorizam o Estado do Bem-Estar Social, como os da Escandinávia. Mesmo assim, é incompleta na relação cidadão-estado.

Em questões locais, no nosso Espírito Santo, a dissonância é muito grande, resultante de anos repressivos e concentradores de renda e moradia. Também, ausentes de planejamento de longo prazo, lacerados por brigas políticas e suspeitas de corrupção. Para se ter uma idéia da dimensão dessa questão, o “tour de force” das administrações públicas recentes tem sido o combate ao crime organizado. Um estado com enorme potencial turístico, empresarial, industrial e portuário recebe de seus gestores e postulantes a gestor majoritariamente a promessa de sua extinção. Enquanto isso o crime desorganizado, diretamente contundente, pois está na saída da escola, na esquina do lazer ou na encruzilhada do trabalho, expande-se implacavelmente, deixando-nos à mercê de sua fúria e de seus espinhos.

Mas, é necessário reconhecer quando o Estado age de forma correta. Por exemplo, o atual governo decidiu reorganizar o sistema de segurança pública, revendo a participação de soldados e oficiais da polícia militar, intensificando as operações da “madrugada viva” e dialogando com comerciantes e residentes inseguros e vitimados pela ação incessante de delinqüentes. Atitudes preventivas e proativas que demonstram sua vontade de acertar e proteger a sociedade. Instalação de câmeras para vídeo-monitoramento e rondas em carros e motos tem apresentado resultados positivos. Paralelamente, a reorganização do transporte coletivo com novos terminais também contribui para a melhoria do deslocamento dos trabalhadores com mais segurança e conforto. Enfim, são atitudes assim, com melhoria das condições de trabalho de policiais, de professores e assistentes sociais que reduzem as externalidades negativas de uma sociedade em expansão.

Onde há espinhos também pode haver flores, diria Nelson Cavaquinho.

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