Friday, June 26, 2009

Banestes

Banestes


Em minha percepção o Governo do Estado foi bastante sensato ao decidir não prosseguir com os entendimentos para venda do Banestes ao Banco do Brasil. A monetização de ativos em situações de baixa previsibilidade do ambiente econômico no médio e longo prazo só é recomendável se estes são altamente deficitários, ultrapassados e desnecessários ao organismo gestor público. Não é o caso do Banco Estadual que, ao contrário, apresenta condições sólidas quanto a essas variáveis. Apresenta resultados operacionais significativos, modernizou-se e exerce uma função importante na gestão fiscal do governo, intermediando suas receitas e gastos.

A grave crise global me faz lembrar a importância dos bancos locais, da circulação econômica local. Na década de 90, nos Estados Unidos, precisei abrir uma conta bancária e tornei-me cliente do Fleet Bank. Um banco pequeno, eficiente e desenvolvedor da região em que eu morava, no Estado de New York. Um sistema de cartões magnéticos me permitia sacar ou depositar onde quer que estivesse mesmo não havendo ali uma agencia daquele banco. Eu me deslocava. O banco, não necessariamente. Com o tempo os bancos foram se concentrando e dominando o mercado. De tal modo que nos últimos anos promoveram uma ópera totalmente desafinada e desprovida de regência. A orquestra caiu no fosso e o tenor ficou afônico. Se observarmos com cautela, no Brasil de hoje é possível dizer que apenas quatro bancos definem o sistema monetário comercial nacional. E alguns poucos bancos estrangeiros participam desse festim financeiro. Seus alvos são as grandes empresas e suas folhas de pagamento. Como no início de nossa colonização, muitos têm apenas o interesse exploratório. São “travelling Banks”. Vão onde está o lucro. Manter o Banestes com uma estratégia de inseri-lo no futuro promissor que o Estado apresenta é uma alternativa racional. Mais ainda, articular condições para que ele possa desenvolver um papel social e descentralizador da economia capixaba.

A portabilidade dos próximos anos não me parece ser uma ameaça. Desde que o banco tenha, como nos anos recentes, uma administração competente, poderá ser atrativo e disputar clientes no mercado. Alem disso, estruturar-se para fomentar os pequenos e médios negócios capixabas. Muhammad Yunus, com o Grameen Bank, nos ensina, em seu livro “Creating a world without poverty”, que o “social business” deve fazer parte do futuro do capitalismo. Isso é muito mais do que apenas microcrédito e o Banestes reúne condições para alavancar essa idéia.

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