Wednesday, January 20, 2016

Filmes...Carol e 45 anos


Resultado de imagem para Carol o filmeFilme bom, inesquecível, clássico, com atuações marcantes e memoráveis fica  assim, remoendo sua cabeça, preenchendo seus pensamentos sem a menor cerimônia. Aproveitei alguns dias de folga e fui ao Cine Jardins, em Vitória, reduto de filmes que não passam nas maioria dos circuitos de cinema da cidade capixaba. Vi “Carol” e saí atordoado com sua qualidade, com sua beleza, com sua sensibilidade outonal e uma brilhante Cate Blanchet dominando o tempo e o espaço. Talvez Dougls Sirk o filmasse com mais espelhos e luzes coloridas e tênues. As frases são breves e profundas. Ecoam no coração desprevenido. Há uma cena, no início, em que Cate coloca levemente a mão no ombro de sua amada em forma de despedida. Uma homenagem singela e sutil a “Spellbound”.  Bogart e Bacall poderiam ter feito esse filme.
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Outro dia, fui ver “45 anos”. Aí foi Knock-out. Fui à lona. Charlotte Rampling está simplesmente sublime. Aquela paisagem inglesa, cinza e com muito “fog” embaça nossos sentimentos em relação ao tema central. Não há necessidade de cenários, de complementos paisagísticos. A vida é uma sequencia só. Há um amor acomodado no rastro do tempo e uma rotina que imita a vida. Um casal resignado à passagem incontornável do tempo. E uma amor juvenil cuja lembrança surge do nada, “out of the blue” . De repente uma notícia traz a inquietude, a irresignação pelo rumo do passado. A dúvida do resultado do acaso. Um silêncio acomodado no passar dos anos. Quando a mulher pergunta o que o marido está lendo ele diz: Kierkegaard! Claro, esse é o escritor da crítica à afonia, ao silencio perante algo complexo.  Ao enclausuramento em si próprio.


Eles vão completar 45 anos de casados e, de repente, algo coloca-se entre o presente e o passado. Uma lembrança indelével no pensamento do marido. Isso o deixa sem clareza do que vê, do que ama. O tema da canção que os uniu é “smoke get´s in your eyes”...sim, a visão está embaçada pelo que ocorreu em algum tempo de suas vidas. As atuações são magníficas. Cinema em sua máxima expressão. Obra de arte. O discurso final é uma apoteose ao amor incondicional, ainda que incompreendido. E a atuação de Charlotte Ramppling na cena final é antológica. Uma ode a indefinição do amor.    

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