Saturday, November 14, 2015




A França, país da liberdade, legalidade e fraternidade, foi duramente atingida pelos atentados terroristas recentes. Das esculturas de Rodin ao Túmulo de Napoleão, nada mais seria registrado pelas lentes de Robert Doisneau, o mestre dos flagrantes do cotidiano francês, que a dor, o sangue e as lágrimas de seu povo. Silenciosamente, o Sena a tudo observa e carrega, por séculos, desde tempos imemoriais, a história de sua Monarquia e de sua duramente conquistada República. É um rio que passa em suas vidas. Como se fosse um bálsamo para seus ferimentos. O que ocorreu na França foi uma covardia, um ato covarde que tirou a vida de inocentes.

Esse atentado do inicio deste mês de novembro me faz pensar em simbologias e escolhas. E os criminosos parecem ter conjugado ambas. Primeiro porque um dos alvos fatídicos foi o Stade de France. Em francês, stade tanto pode significar estádio quanto palco. Um palco majestoso e emblemático já que apresentava duas seleções de países que têm uma história em comum na segunda guerra mundial, pelo menos parcialmente. E nele, nesse palco, estava o Presidente da França. Nesse sentido o alvo foi o poder do Estado, cérebro das decisões nacionais.

O segundo alvo, foi a imagem do prazer, da “luxúria”, da vida boêmia dos bataclans, dos símbolos do Moulin Rouge antigo. Quem sabe alguns “bon vivant” inocentemente deleitando-se com o que a vida pode lhes oferecer de melhor.  Se há uma referência notável no turismo francês é a sua vida noturna, retratada por Moliére, no século XVII, em suas sátiras, comédias e tragédias ao entreter o Rei Luís XIV.
O terceiro alvo foi o cotidiano, a vida do cidadão que trabalha e depois vai a um restaurante, dentre tantos na talentosa culinária francesa. É o momento em que conversam, trocam percepções sociais e culturais, bebem um bom vinho e muitas vezes travam fervorosos debates políticos, como a questão dos refugiados, dos imigrantes, do nacionalismo francês, dentre outros temas. E, claro, falam de futebol.   
 

 Agora, quem será o Zola que escreverá  “J`accuse”  

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