A França, país da liberdade,
legalidade e fraternidade, foi duramente atingida pelos atentados terroristas
recentes. Das esculturas de Rodin ao Túmulo de Napoleão, nada mais seria
registrado pelas lentes de Robert Doisneau, o mestre dos flagrantes do cotidiano
francês, que a dor, o sangue e as lágrimas de seu povo. Silenciosamente, o Sena
a tudo observa e carrega, por séculos, desde tempos imemoriais, a história de
sua Monarquia e de sua duramente conquistada República. É um rio que passa em
suas vidas. Como se fosse um bálsamo para seus ferimentos. O que ocorreu na
França foi uma covardia, um ato covarde que tirou a vida de inocentes.
Esse atentado do inicio deste mês
de novembro me faz pensar em simbologias e escolhas. E os criminosos parecem
ter conjugado ambas. Primeiro porque um dos alvos fatídicos foi o Stade de
France. Em francês, stade tanto pode significar estádio quanto palco. Um palco
majestoso e emblemático já que apresentava duas seleções de países que têm uma
história em comum na segunda guerra mundial, pelo menos parcialmente. E nele,
nesse palco, estava o Presidente da França. Nesse sentido o alvo foi o poder do
Estado, cérebro das decisões nacionais.
O segundo alvo, foi a imagem do
prazer, da “luxúria”, da vida boêmia dos bataclans, dos símbolos do Moulin
Rouge antigo. Quem sabe alguns “bon vivant” inocentemente deleitando-se com o
que a vida pode lhes oferecer de melhor.
Se há uma referência notável no turismo francês é a sua vida noturna,
retratada por Moliére, no século XVII, em suas sátiras, comédias e tragédias ao
entreter o Rei Luís XIV.
O terceiro alvo foi o cotidiano,
a vida do cidadão que trabalha e depois vai a um restaurante, dentre tantos na
talentosa culinária francesa. É o momento em que conversam, trocam percepções
sociais e culturais, bebem um bom vinho e muitas vezes travam fervorosos
debates políticos, como a questão dos refugiados, dos imigrantes, do
nacionalismo francês, dentre outros temas. E, claro, falam de futebol.
Agora, quem será o Zola que escreverá “J`accuse”
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