Saturday, August 22, 2015

Vendilhões Templários



O que mais se comenta em nosso país é a insatisfação de seu povo com sua governante. De uma forma tão explícita e crescente que raramente alguém discorda dessa percepção.  Nem mesmo entre seguidores mais fiéis e tradicionais do partido político que a abriga encontra-se, de forma preponderante e proativa, o reflexo de uma imagem de lider carismática e gestora competente.  A presidente projeta uma imagem embaçada pela fumaça de seus erros e omissões. Pela sua insegurança e incerteza. Ocupante do mais alto cargo eletivo nacional – tendo como mentor a figura maior de seu partido, o ex-presidente Lula – ela se esvai como um picolé ao sol.
Pela situação econômica que vivenciamos, fica claramente evidenciada a inaptidão na gestão fiscal e nas políticas monetária e cambial, mas a postura aética nem sempre fica clara e diretamente evidenciada, em razão do rito jurídico necessário. Em síntese, a inflação você vê no supermercado; e o desemprego, nos amigos ou até em si mesmo. Já a corrupção, por mais evidente que seja, precisa de um processo, longo, burocrático e caro, para ser admitida concretamente.
Entretanto, creio que as evidências e o teor das delações premiadas já permitem entender que a presidente, no mínimo, tinha conhecimento de que algo não ia bem no que diz respeito às posturas éticas de seus assessores e ocupantes de cargos comissionados, tambem conhecidos como “de confiança”. As suspeitas de corrupção já existem há vários anos e em todo esse tempo ela ocupou cargos de alto nível e com muita proximidade da presidencia da república.
A tal ponto que foi alçada ao cargo de presidente da República, com o total apoio de muitos suspeitos e indiciados pela Justiça brasileira, após uma campanha visivelmente cara e muito bem produzida. Que, após as eleições e sua vitória, transformou-se em uma das maiores falácias de nossa história política. A renúncia seria sua redenção.
Não me proponho aqui ser o arauto da tragédia de “quanto pior, melhor”, nem estar imbuído da ingenuidade dos beóscios para achar que tudo não passa de uma intriga politica. Após uma forte ditadura o brasileiro pensa que democracia é o direito de votar em políticos de sua preferência. Isso nada é perante o indelével direito de se manifestar publicamente contra os agressores da posteridade.  Contra os vendilhões do templo da democracia.

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