Wednesday, April 15, 2015

Os Longos 100 dias


Abri o jornal A Gazeta do dia 10 de Abril deste ano de 2015 e encontrei um anúncio elogiando os 100 dias do Governo PH. Várias empresas ali se manifestaram. Mas nas ruas, no imaginário popular, a percepção desses 100 dias tem dissonancias com a que ele almejou obter. Principalmente, porque ele tem por base uma percepção histórica muito positiva em razão de seus governos anteriores. Duas condições, em meu modesto entender, construiram essa imagem indesejada.

A primeira diz respeito à polêmica envolvendo a elaboração do Orçamento Anual para 2015 e sua execução no ano de 2014. Críticas pesadas e inebriadas pela desconfiança ética e jurídica atordoaram a compreensão popular, e, ao contrário de esclarecer, confundiram a sociedade e o setor produtivo. Anulação de empenhos, rubricas superestimadas e outras variáveis técnicas foram divulgadas na midia como um campo de batalha, como uma reprovaçao do governo anterior. Nesse sentido, o atual governo não conseguiu ser consistente em seus argumentos, precisando ele próprio rever argumentos apresentados.   

A segunda condição polêmica foi uma proposição, com a idéia da Escola Viva. Um mega projeto construtor de uma imagem idealizada, mas que se tornou um bumerangue, um artificio que volta ao seu propulsor. Atônito, ao que parece, o governo sentiu que a construção participativa dessa ideia, ainda que mais lenta, é condição sine qua non. A impressão inicial que ficou é que o governo não estava preparado suficientemente para adotar essa brilhante e necessária idéia. O mesmo Haroldo Rocha das criticas orçamentárias, competente e leal amigo do governador, foi o protagonista da divulgação dessa ideia, mas apesar de lutar bravamente para esclarecer as duvidas existentes, ainda não foi convincente. Assim, na primeira condição, nesses 100 dias, o governo, na percepção popular, não foi consistente e, na segunda, não foi convincente.

PH escolheu bons nomes para seu governo, é um trabalhador incansável e um politico experiente, mas merecia uma imagem melhor nesses primeiros meses. Seu antecessor não foi um José Ignacio com seus equívocos, mas um José Casagrande, com muitos e importantes acertos, apesar de erros terem existido. E gastar boa parte dos 100 dias criticando-o não parece ter sido uma estratégia acertada. Nem consistente. Também, expor um projeto complexo como o Escola Viva sem uma metodologia de envolvimento bem definida gerou descontentamento e falta de convencimento.   

Torço pelo sucesso desse governo e creio que os proximos dias serão de melhores percepções, com uma imagem progressista, participativa, consistente e convincente.   


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