Thursday, July 04, 2013

Democracia tropical

 

Alguns anos atrás Fukuyama escreveu um artigo, O Fim da História, de fundamentação essencialmente neoliberal, em que destacava a queda do muro de Berlim e do poderio soviético como a queda final de um processo histórico enquanto agente de mudanças políticas, econômicas e sociais. Analisando contribuições literárias desde Hegel, sustentou o triunfo da democracia liberal ocidental. Sem os soviéticos, a democracia liberal norte-americana conduziria o mundo à estabilidade e à igualdade jurídica. Assim foi também a percepção de seus seguidores. O ano de 2008 abalou as estruturas de suas argumentações. Tanto que o levou a escrever outro artigo, O Choque de Idéias, retratando-se.

A democracia parece, mas não é algo assim tão simples e previsível. Outro dia fiz uma palestra para muitos professores sobre a democracia e seus resultados. Lembrei personagens da historia mundial que foram por ela eleitos. Brasileiros também. Falei sobre a nossa democracia “café com leite”. O poder ficava nas mãos de Minas e São Paulo, alternadamente até Getúlio surgir em nome da democracia. Virou ditador. Getúlio, mesmo depois de ser ditador implacável, foi eleito Presidente da República. Depois de Juscelino, Jânio e sua vassourinha anticorrupção receberam milhares de votos e tornou-se Presidente do Brasil. Para pouco depois praticamente entregar o governo aos militares, depois da passagem por um parlamentarismo que, burlando a democracia em nome da democracia, retirava de Jango o poder decisório.
 

Depois de muita luta, finalmente teríamos democracia nas urnas. Escolhemos Collor, pouco depois deposto. Mas, usando a própria democracia voltou como Senador e hoje é um dos mais cotados em Alagoas. Essa mesma democracia reelege pessoas suspeitas para cargos importantes, repetindo mandatos. Mas o que pretendo eu com esse texto. Proclamar o fim da democracia representativa? Não. O que proponho é o renascimento da democracia com o fim das escolhas irresponsáveis. Só a boa política combate a má política. Mas não adianta achar que resolveremos a questão com o uso da democracia participativa em detrimento da representativa. O que importa não é a qualidade do processo somente, mas a qualidade das pessoas. Não há o fim da História, nem o fim da Democracia, mas o início do poder pessoal, popular. O que nos resta fazer é empoderar nosso povo com o conhecimento amplo, geral e irrestrito. E dividir com ele a responsabilidade de tornar esse país uma grande nação.

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