Alguns anos atrás Fukuyama escreveu um
artigo, O Fim da História, de fundamentação essencialmente neoliberal, em que
destacava a queda do muro de Berlim e do poderio soviético como a queda final de
um processo histórico enquanto agente de mudanças políticas, econômicas e
sociais. Analisando contribuições literárias desde Hegel, sustentou o triunfo da
democracia liberal ocidental. Sem os soviéticos, a democracia liberal
norte-americana conduziria o mundo à estabilidade e à igualdade jurídica. Assim
foi também a percepção de seus seguidores. O ano de 2008 abalou as estruturas de
suas argumentações. Tanto que o levou a escrever outro artigo, O Choque de
Idéias, retratando-se.
A democracia parece, mas não é algo assim tão simples e
previsível. Outro dia fiz uma palestra para muitos professores sobre a
democracia e seus resultados. Lembrei personagens da historia mundial que foram
por ela eleitos. Brasileiros também. Falei sobre a nossa
democracia “café com leite”. O poder ficava nas mãos de Minas e São Paulo,
alternadamente até Getúlio surgir em nome da democracia. Virou ditador.
Getúlio, mesmo depois de ser ditador implacável, foi eleito Presidente da
República. Depois de Juscelino, Jânio e sua vassourinha
anticorrupção receberam milhares de votos e tornou-se Presidente do Brasil. Para
pouco depois praticamente entregar o governo aos militares, depois da passagem
por um parlamentarismo que, burlando a democracia em nome da democracia,
retirava de Jango o poder decisório.
Depois de muita luta, finalmente teríamos
democracia nas urnas. Escolhemos Collor, pouco depois deposto. Mas, usando a
própria democracia voltou como Senador e hoje é um dos mais cotados em Alagoas.
Essa mesma democracia reelege pessoas suspeitas para cargos importantes,
repetindo mandatos. Mas o que pretendo eu com esse texto. Proclamar o fim da
democracia representativa? Não. O que proponho é o renascimento da democracia
com o fim das escolhas irresponsáveis. Só a boa política combate a má política.
Mas não adianta achar que resolveremos a questão com o uso da democracia
participativa em detrimento da representativa. O que importa não é a qualidade
do processo somente, mas a qualidade das pessoas. Não há o fim da História, nem
o fim da Democracia, mas o início do poder pessoal, popular. O que nos resta
fazer é empoderar nosso povo com o conhecimento amplo, geral e irrestrito. E
dividir com ele a responsabilidade de tornar esse país uma grande nação.
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