A presidente Dilma tem
protagonizado algumas cenas e falas no teatro da arena política que nos fazem
pensar sobre a tese da governabilidade a qualquer custo. A idéia de criar uma
grande corrente nacional, juntando peças de um Lego multicolorido e
multidimensional parece não ser uma tarefa fácil para ela. A resposta direta e
indagativa que ela deu a jornalista Patrícia Poeta em pleno Fantástico ,
o ex-show da vida, mostrou que ela não tem a mesma capacidade cênica que o seu
predecessor Lula. A repórter perguntou: e essa política do toma lá dá cá,
atrapalha seu governo?. A presidente imediatamente, sem nem respirar, devolveu:
se você me der um exemplo do toma lá eu posso lhe responder. Pronto, o assunto
mudou, a jornalista é uma entrevistadora de variedades, não de autoridades de
personalidade forte. Se fosse Lula, teria virado brincadeira. Algumas vezes
penso, guardadas as proporções, que enquanto o Lula é o Fidel, a Dilma é o Che.
Por isso imagino o quanto deve ser doloroso para ela fazer a cena da aceitação
das indicações do Sarney, da boa vizinhança para obter governabilidade. Lula
diz a Sarney: Pardon, mon ami! Com Che, Sarney teria ido para o Paredon!
Mas ela, aos poucos, reescreve o
roteiro e até faz novas tomadas de cenas já filmadas e conhecidas. Sérgio
Cabral está vendo esse filme agora e já ameaçou ir à Justiça na questão dos
Royalties. Agora veio a medida protecionista com relação a alguns carros
importados, também sua declaração sobre partidos inexpressivos liderando
Ministérios substantivos. Respeita e adimira FHC e desconhece as convicções no
âmbito das relações internacionais de Celso Amorim e Marco Aurélio. Não sei
como vai ser seu desempenho na reunião da ONU, mas creio que ela tem muita
chance de fazer o mundo esquecer Lula, o amigo dos ditadores em queda e dos
políticos ministeriais suspeitos de corrupção
no Brasil. Dilma é uma presidente, Lula foi uma efeméride, na concepção
astronômica da palavra. Mary Shelley poderia ter escrito sobre os dois.
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