Monday, August 01, 2011
Estilhaços de 2001
Os últimos dias tem refletido a angústia que convergiu o mundo empresarial e político para Washington, nos Estados Unidos. Jornais e emissoras de televisão mostraram e comentaram esses momentos como um réquiem da confiabilidade norte-americana. Pela primeira vez na historia do mundo posterior à queda do muro de Berlim aquele país sucumbiu às suas próprias finanças e à sua própria democracia. Republicanos e Democratas exerceram suas habilidades e, em número maior, suas inabilidades no tratamento dos interesses nacionais, com evidente repercussão global. Credores internacionais como China e até o nosso Brasil aguardavam o fim de um impasse político-econômico para saber como proceder em relação ao futuro. No centro de tudo, Obama, que preferiu ser um exímio equilibrista em uma corda esticada à sua frente. Qualquer passo em falso o levaria ao abismo da impopularidade dificultando sua caminhada corda acima em direção às eleições do próximo ano.
Os norte-americanos já estão habituados ao endividamento do governo federal. Isso é algo histórico e foi regulamentado pela primeira vez em 1917, com os Liberty Bonds da Primeira Guerra. O que eles não estavam acostumados é ao princípio de falência múltipla de seus organismos, incapazes de gerar empregos, aumentar a segurança nacional e readequar a estratégia geopolítica do poder global. Também, a meu ver, no período pós-Kennedy, contar com um presidente tão cauteloso quanto Obama ao lidar com a divergência partidária. Até ao ponto de a conceituada revista The Economist estampar a caricatura dele em sua capa e subliminarmente colocando-o como japonizado. Ou seja, um decisor de muitas negociações. Tudo novo para eles. Porém, dos três últimos eventos negativos, apenas um é realmente novo. A crise do mercado imobiliário de 2008 tem precedente nas grandes secas e ventanias que transformaram fazendas em poeira hipotecada; a crise do teto de endividamento tem precedente também nas guerras mundiais. Mas, um atentado terrorista como o de 2001 foi algo inédito. Sem poder de solução no curto prazo. Além disso, para piorar Bush usou a lei do Velho Oeste, como se fosse Gary Cooper em High Noon!
Ainda hoje, meados de 2011, voam estilhaços das torres gêmeas de New York nos ares norte-americanos. Um país como os Estados Unidos, de manutenção cara não pode crescer de maneira pífia como tem acontecido nos últimos anos. Nem enfrentar situações de desequilíbrio financeiro e disputa política irresponsável. A mais recente é esse impasse político em decorrência de iminente insolvência. Situação semelhante a do ano de 1937, com a visão Keynesiana em declínio. Só a Segunda Grande Guerra Mundial salvaria aqueles nefastos tempos da insolvência também. Esperamos que os senhores da guerra tenham alternativa melhor. E que o Brasil aprenda que, apesar de tudo, soluções simples como medidas provisórias e decretos presidenciais não são decisões que a democracia merece.
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