A presença de José Serra no Espírito Santo mobilizou a ala política que sustenta a direção do PSDB no Estado. Mas sua presença é sempre algo não muito motivador, empolgante, mobilizador. Eu fui ao recente evento com a presença de Serra para saber se houve alguma evolução na postura do ex-governador de São Paulo no sentido de ser mais empolgante, mais empático. Sim, essa talvez seja a maior dificuldade de Serra, a empatia. Ele dificilmente sabe se colocar no lugar do outro, “to fit in someone´s shoes”, dizem os experientes políticos norte-americanos. Serra usa a lógica, é racional e frio como uma equação da relatividade exposta em um livro de física. O clima estava muito bom, amigos se reencontrando, políticos renovando seus abraços e sorrisos infláveis, conversas ao pé do ouvido. O pré-palestra de sempre. A conjugação de vaidades próprias e alheias.
Eu estava ali no meio de muitas pessoas conhecidas e outras que me conheciam por causa dessa coisa de escrever para jornais e aparecer eventualmente em alguma matéria de televisão local. Um convívio que se animava, que sorria, que contava histórias e alimentava “gossips”. Esses pré-eventos sempre são assim descontraídos e animados. Encontramos um amigo de infância, visualizamos o terno de um novo-rico, observamos fotógrafos colhendo expressões subliminares e jornalistas balançando seus crachás pendurados ao pescoço. Alguns salgadinhos e folhados estavam sobre uma mesa bem como alguns sucos, tudo como benesses da Findes ao receber seus convidados. O que se chama 0800, no popular. Revi meu amigo Antônio Tavares da Calçados Pimpolho e soube da boa notícia para o município de Cariacica com novo investimento lá.
E chegou a hora de entrar no auditório para ouvir o José Serra. Após o mestre de cerimonias abrir o evento, convidou Lucas Izoton, o mais midiático presidente na história da Findes, creio eu. O Lucas jogou todos aqueles números e dados de memória, como sempre faz, e pediu que o Serra se posicionasse sobre três questões: O FUNDAP, os Royalties e a baixa ajuda financeira do Governo Federal. Três temas que, pode-se dizer, o Serra ignorou com a maior naturalidade. Falou o que quis e com a profundidade que quis. Vez ou outra conferia alguns números dirigindo-se a Luiz Paulo, seu fiel escudeiro. Aliás, Luiz Paulo e Serra têm perfis parecidos: são inteligentes, fazem boas proposições e têm boa base cultural e acadêmica. Mas, também tem em comum uma ironia aguda demais que incomoda muitas pessoas. Eu me arriscaria a chamar de certa arrogância intelectual. Sei que essa percepção pode ser comum às pessoas com essas qualidades e que, portanto, sabem que andam sobre o fio de uma navalha para não serem antipáticos demais. Mas para políticos que se pretendem vencedores, pode ser muito prejudicial.
Luiz Paulo, por convivência, eu sei que é uma simpatia de pessoa, uma pessoa de hábitos simples como tocar violão e cantar Tom Jobim. Jogamos muitas partidas de tênis juntos e, inclusive, já fomos campeões. Criamos uma Secretaria de Estado juntos, a de Ações Estratégicas e Planejamento, e construímos um dos bons momentos do IJSN, mas em campanhas políticas fui apenas um eleitor. Nunca participei de seu grupo gestor em politica. E essa aproximação intensa com Serra pode ajudar a construir uma percepção popular sobre sua conduta política muito mais próxima a de Serra que a de FHC, um intelectual simpático, admirado, querido e respeitado. E polêmico por suas mais novas proposições.
Sai da palestra do SESI com a mesma percepção sobre o Serra que quando entrei. E olha que torci muito para mudar. Luiz Paulo, por sua inegável competência, deveria fazer campanha para ser presidente do BNDES e Serra... Bem, quem sabe reerguer a UNE.
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