Quando eu era ainda pequeno, criança, sempre via cartas que chegavam do exterior endereçadas a um de meus irmãos mais velhos. O que mais me chamava a atenção eram os selos colados no envelope. Dava vontade de descolá-los e guarda-los. Mas as cartas não eram minhas, então só restava admirá-las. Lembro que muitas vinham da Suécia, um lugar distante e curioso. Naquela época, sem internet, e-mails, facebooks e outras formas de comunicação entre pessoas, as cartas eram um ritual nobre, um toque indelével no coração das pessoas. Correspondências famosas viraram filmes e livros de sucesso. Eram estados de espírito registrados em uma grafia sentimental, quando amorosas ou mesmo amigas apenas. Escrever uma carta assim era como sonhar com a pessoa destinada, imaginar suas expressões faciais ao lê-la. Suas emoções. As cartas, então, eram como que documentos da alma. Tanto da que escreveu quanto da que leu.
E assim aconteceu por um bom tempo. Cartas iam e vinham lá em casa, para esse meu irmão. Quando raro, traziam uma foto de alguém ou vinham em forma de postal, com imagem da cidade emitente. Acho que esse tipo de comunicação se chamava penn-club, mas não tenho certeza nem é relevante para o que lembro bem. Interessante como o mundo era grande, imenso naquela época. Tudo parecia muito longe. E as cartas tentavam encurtar essa distância unindo pessoas e letras bem ou mal escritas. Pessoalmente não fui um grande escritor de cartas, mas fui um admirador incontestável de sua existência ao longo de minha infância em razão da magia que as envolvia quando eu observava o carteiro trazer algo de tão longe e que fazia meu irmão sorrir como criança feliz.
Anos depois, eu tive a idéia de viajar para a Escandinávia e convidei dois irmãos para me acompanharem. Tracei os planos, mostrei que alugaríamos um carro de Oslo para Bergen passando em Gudvangen, pelos fiordes via ferryboat. Em seguida, de trem, iríamos para Estocolmo. Tudo isso depois de pegar um navio em Copenhagem, aonde chegaríamos. Foi ótimo, deu tudo certo e a viagem foi inesquecível. Mas algo foi mais marcante ainda. Antes de viajar um dos meus irmãos disse que uma daquelas cartas era de uma correspondente sueca, de uma cidade chamada Jakobsberg. Então, como se fosse um filme peguei um trem e o levei àquela cidade. Com o endereço na mão caminhamos até a casa que o identificava, passando por moradores que nos olhavam com certa curiosidade. Conversamos com vizinhos, com o dono de uma pequena loja, mas ninguém mais sabia sobre a pessoa que procurávamos. Havia mudado para um outro local. O tempo havia apagado suas pegadas. Mas, não suas letras na memória das cartas escritas. Voltamos à estação de trens e seguimos para a capital sueca. No caminho, certamente a lembrança de um tempo especial se misturou às paisagens que corriam pela janela. As mesmas que a amiga sueca via tempos atrás.
E assim aconteceu por um bom tempo. Cartas iam e vinham lá em casa, para esse meu irmão. Quando raro, traziam uma foto de alguém ou vinham em forma de postal, com imagem da cidade emitente. Acho que esse tipo de comunicação se chamava penn-club, mas não tenho certeza nem é relevante para o que lembro bem. Interessante como o mundo era grande, imenso naquela época. Tudo parecia muito longe. E as cartas tentavam encurtar essa distância unindo pessoas e letras bem ou mal escritas. Pessoalmente não fui um grande escritor de cartas, mas fui um admirador incontestável de sua existência ao longo de minha infância em razão da magia que as envolvia quando eu observava o carteiro trazer algo de tão longe e que fazia meu irmão sorrir como criança feliz.
Anos depois, eu tive a idéia de viajar para a Escandinávia e convidei dois irmãos para me acompanharem. Tracei os planos, mostrei que alugaríamos um carro de Oslo para Bergen passando em Gudvangen, pelos fiordes via ferryboat. Em seguida, de trem, iríamos para Estocolmo. Tudo isso depois de pegar um navio em Copenhagem, aonde chegaríamos. Foi ótimo, deu tudo certo e a viagem foi inesquecível. Mas algo foi mais marcante ainda. Antes de viajar um dos meus irmãos disse que uma daquelas cartas era de uma correspondente sueca, de uma cidade chamada Jakobsberg. Então, como se fosse um filme peguei um trem e o levei àquela cidade. Com o endereço na mão caminhamos até a casa que o identificava, passando por moradores que nos olhavam com certa curiosidade. Conversamos com vizinhos, com o dono de uma pequena loja, mas ninguém mais sabia sobre a pessoa que procurávamos. Havia mudado para um outro local. O tempo havia apagado suas pegadas. Mas, não suas letras na memória das cartas escritas. Voltamos à estação de trens e seguimos para a capital sueca. No caminho, certamente a lembrança de um tempo especial se misturou às paisagens que corriam pela janela. As mesmas que a amiga sueca via tempos atrás.
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